Em declarações à agência Lusa, José Antunes, morador e promotor de diversas petições que exigem mais estacionamento naquela freguesia, afirmou que “o problema é que não há lugares, ditos legais, para todos” porque “na sequência de uma série de obras, promovidas pela Junta de Freguesia de Benfica e pela Câmara Municipal de Lisboa, houve uma franca redução do espaço de estacionamento disponível”.
Sandra Branco, também residente na freguesia de Benfica, disse à Lusa que “como existe um movimento contra a entrada da EMEL (Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa) num bairro residencial, a Polícia Municipal tomou uma atitude persecutória”, referindo ainda que “os alvos dos reboques são os estudantes e as pessoas que trabalham” porque não arranjam estacionamento ao final do dia, quando regressam a casa.
Esta moradora acrescentou que “não faz sentido existirem passeios de 10 metros numa zona onde há um problema como este”, e referiu que já houve, inclusivamente, alguns conflitos entre vizinhos pela disputa de lugares.
De acordo com outro habitante desta freguesia, Luís Braga, a Polícia Municipal “tenta criar conflitos entre a vizinhança porque diz que são os vizinhos que fazem denúncias e os moradores já detetaram que isso é mentira”.
Outro problema referido por estas pessoas é a construção de prédios sem garagens ou estacionamento próprio.
José Antunes sublinhou que esta situação “é de uma perversidade enorme porque a entidade que tem responsabilidades na criação de estacionamento, a câmara municipal, é a mesma entidade que vem punir, através da polícia municipal, que é um braço armado da câmara”.
Apesar das dificuldades que sempre existiram ao nível do estacionamento naquela zona, os residentes explicam que antigamente ainda era possível estacionar em cima de alguns passeios, o que atualmente se tornou impossível devido aos “pinos” de estacionamento que foram colocados e que impedem a passagem dos automóveis.
Maria João Ramos, também promotora de várias petições, aponta que tem em mente criar “outra petição contra a junta e fazer um boicote às urnas nas próximas eleições autárquicas, se o problema não for resolvido até lá”.
Por seu turno, a Câmara de Lisboa, quando contactada pela agência Lusa, apontou que “o impacto das obras realizadas no espaço público em lugares de estacionamento legal, localizados nas ruas assinaladas, não é significativo”.
Contudo, o município admitiu que, “no caso específico da freguesia de Benfica, a disparidade entre a oferta de espaço para estacionamento legal disponível e a procura existente é gritante”.
A autarquia explicou que, de acordo com um estudo de 2017 (e revisto em 2019) feito pela Junta de Freguesia de Benfica, as ruas localizadas na área central da freguesia de Benfica “são justamente aquelas que apresentam o ratio mais elevado de carros por habitação (2,6 carros por fogo)”, sublinhando que “a área de via pública existente não é infinita”.
Segundo a Câmara Municipal de Lisboa, ainda durante o ano de 2020, está prevista a criação de uma bolsa de estacionamento na zona central de Benfica, junto à Rua de Nossa Senhora do Amparo.
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