Mariana Mortágua deu hoje, em Lisboa, uma conferência de imprensa para apresentar os resultados da Mesa Nacional do BE na véspera, tendo sido questionada sobre as críticas da oposição interna à nova derrota eleitoral nas europeias e à sugestão de antecipar a Convenção Nacional deixada pelo ex-deputado Carlos Matias na Rádio Observador.
“O Bloco de Esquerda teve uma Convenção há pouco tempo, teve duas moções em debate, uma saiu minoritária, como sabem, e agora apresentou esta resolução e que faz parte do debate interno, temos diferentes posições sobre diferentes assuntos, em particular sobre as questões de política internacional”, começou por responder.
Segundo a coordenadora do partido, os bloquistas definem a sua “linha política na Convenção” que vai acontecer no “próximo ano, de forma regular e ordinária”.
“Não me parece é que até essa Convenção o Bloco não tenha que fazer um trabalho de reflexão, de debate interno e externo”, acrescentou, adiantando que esta reunião magna ordinária acontecerá “algures entre o primeiro e o segundo semestre”, mais provavelmente “no final do primeiro semestre”.
O objetivo do BE, de acordo com Mortágua, é aproveitar esse tempo até à próxima convenção do partido “para fazer um debate sobre o Bloco, sobre como a esquerda se deve posicionar, como é que deve fazer diálogos internacionais e como é que se deve posicionar perante as eleiçoes autárquicas”.
“Este é um debate que não é só do Bloco de Esquerda. É sobre como reverter o ciclo de direita, como retirar executivos de direita, combater executivos de direita e afirmar alternativas em todo o território”, disse, numa declaração à imprensa em que começou por anunciar uma Conferência Nacional do partido.
Questionada sobre o convite do Livre, hoje conhecido, de reuniões com as lideranças do PS, Bloco de Esquerda, PCP e PAN para analisar a situação política atual, na sequência das últimas eleições para o Parlamento Europeu, e pensar já nas autárquicas, a líder bloquista mostrou total disponibilidade.
“Aliás, vem na sequência de um primeiro movimento que fizemos a seguir às legislativas de debate com diferentes partidos do campo ecologista, à esquerda e que queremos ir aprofundando ao longo do tempo e isso quer dizer diálogo”, acrescentou.
Este deve ser um “diálogo interno e externo, com outros partidos, mas também com a sociedade civil, também com movimentos de cidadãos”, defendeu Mortágua.
A seguir às últimas eleições legislativas, realizadas a 10 de março, o Bloco de Esquerda tinha promovido uma iniciativa semelhante a esta agora do Livre, pedindo reuniões ao PS, PCP, Livre e PAN para analisar os resultados das eleições que “mudaram a face política do país” e debater convergências “na oposição ao Governo da direita” e na construção de uma alternativa.
Os eleitos da Mesa Nacional do BE pela lista opositora à da direção consideraram no sábado que o partido teve um “mau resultado” nas europeias, um prolongamento do ciclo de derrotas que está ligado à política seguida desde a geringonça.
Hoje, Mariana Mortágua assumiu esse mesmo mau resultado nas europeias e mostrou-se apostada em reverter este ciclo.
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