Pelo menos 600 dos que morreram na peregrinação realizada na semana passada à cidade mais sagrada do islão são de nacionalidade egípcia, disse à AFP um diplomata árabe.
"Todas as mortes (recém-confirmadas) foram causadas pelo calor", disse o diplomata, após autoridades árabes relatarem o falecimento de 323 egípcios.
Representantes do Egito na Arábia Saudita "foram informados até agora de 1.400 casos de peregrinos desaparecidos", cifra que inclui os 600 falecidos, acrescentou o diplomata árabe.
Estas mortes elevam para 922 o número de óbitos neste ano no Hajj, que registou temperaturas de até 51,8 ºC. O balanço é da AFP, a partir de dados levantados por país.
O marido de Mabruka bint Salem Shushana, uma tunisiana de 70 anos, não sabe da sua esposa desde sábado, auge da peregrinação ao Monte Arafat.
Ela não estava oficialmente inscrita entre os peregrinos, portanto não tinha acesso às instalações climatizadas. "Ela estava com muito calor e não tinha onde dormir. Procurei-a em todos os hospitais e até agora não sei nada sobre ela", diz o marido, Mohamed.
Este ano, o Hajj atraiu cerca de 1,8 milhões de peregrinos, entre eles, 1,6 milhões do exterior, segundo as autoridades sauditas. Pelo menos 240 peregrinos, a maioria indonésios, morreram no ano passado.
Mohamed não é o único que procura desesperadamente por um familiar. O Facebook e outras redes sociais estão repletas de fotografias de desaparecidos e pedidos de informações.
A egípcia Ghada Mahmud Dawud está desaparecida desde sábado. "Recebi uma ligação da filha dela a pedir-me para publicar uma mensagem no Facebook que pudesse ajudar a encontrá-la", disse um amigo da família que vive na Arábia Saudita e pediu anonimato. "Não a encontramos na lista de falecidos, o que nos dá esperança de que esteja viva", acrescentou.
O Hajj é um dos cinco pilares do islão e todos os muçulmanos que possuam os meios necessários devem fazê-lo pelo menos uma vez na vida. As datas da peregrinação são determinadas segundo o calendário muçulmano, com base nos ciclos lunares.
Os rituais dos últimos anos enfrentaram temperaturas escaldantes. Um estudo saudita publicado em maio indica que as temperaturas nos locais onde são realizados aumentam 0,4ºC Celsius a cada dez anos.
Todos os anos, milhares de peregrinos tentam cumpri-lo por meios irregulares, já que não tem acesso aos oficiais, que costumam ser caros. Como tal, não têm acesso a alojamento ou a zonas climatizadas, aumentando severamente os riscos para a saúde.
Além das mortes de egípcios, foram anunciadas as mortes de 60 jordanos, além de peregrinos da Indonésia, Irão, Senegal, Tunísia e Curdistão iraquiano.
Um diplomata asiático reportou "68 mortes" entre peregrinos indianos. No dia anterior, diplomatas informaram que 550 corpos foram transportados para o necrotério de Al Muaisem, um dos principais de Meca.
No domingo, as autoridades sauditas afirmaram que mais de 2.000 peregrinos receberam atendimento por stress térmico, sem fornecer informações precisas sobre mortes.
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