De acordo com fonte da Carris Metropolitana, o autocarro vandalizado e incendiado em Santo António dos Cavaleiros (distrito de Lisboa) seguia sem passageiros quando se deu o incidente.
A mesma fonte escusou-se a avançar mais pormenores, adiantando que a transportadora está a “colaborar com as autoridades”.
Contactado pela Lusa, fonte da Unidade Local de Saúde de Santa Maria, que inclui o hospital com o mesmo nome, no concelho vizinho de Lisboa, disse que tinha dado entrada, durante a madrugada de hoje, "um doente queimado" que estava "estabilizado e em avaliação", não confirmando, no entanto, tratar-se do homem proveniente do incidente de Loures.
Entretanto, num comunicado divulgado hoje ao início da tarde, e num balanço dos tumultos das últimas 24 horas na região de Lisboa, a PSP referiu a existência de três feridos, sendo o motorista o ferido mais grave, que sofreu “queimaduras graves na face, tórax e membros superiores”.
Os distúrbios ocorridos esta semana em vários concelhos da Área Metropolitana de Lisboa foram desencadeados pela morte de Odair Moniz, morador da Amadora, no distrito de Lisboa, baleado por um agente policial.
Na noite de quarta-feira para hoje foi registado um outro incêndio num autocarro, igualmente ao serviço da Carris Metropolitana, na Arrentela, no concelho do Seixal, distrito de Setúbal.
À Lusa, fonte da empresa referiu que neste autocarro seguiam “o motorista e cerca de uma dezena de passageiros”, abordados por “vários suspeitos” que os mandaram sair da viatura. Só depois o veículo foi vandalizado e incendiado.
O presidente da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Silva (eleito pela CDU), manifestou-se hoje preocupado com os desacatos registados na Área Metropolitana de Lisboa, sobretudo na Arrentela, adiantando que, segundo os dados de que dispõe, “um grupo organizado de cerca de 20 pessoas mandou parar o autocarro” na zona, “fez sair os passageiros e o condutor, e regou o veículo com combustível".
“Apesar de ser um grupo numeroso, não houve mais qualquer ocorrência no concelho, o que dá a entender que não seriam de cá e que se deslocaram aqui para fazer este desacato”, disse Paulo Silva, referindo, contudo, que houve contentores ardidos no Miratejo, freguesia de Corroios, com o fogo imediatamente apagado pela população.
Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Os desacatos desencadeados pela sua morte tiveram início no Zambujal, na noite de segunda-feira, e estenderam-se, desde terça-feira, a outros bairros da Área Metropolitana de Lisboa.
No total, mais de uma dezena de pessoas foram detidas. Além do motorista de autocarro que sofreu queimaduras graves, alguns cidadãos ficaram feridos sem gravidade e dois polícias receberam tratamento hospitalar.
Segundo a PSP, Odair Moniz pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria a isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
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