O Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão) tem sido alvo de várias polémicas nos últimos meses que provocaram contestação. Uma investigação do consórcio de jornalistas “Correctiv” levou milhares de pessoas às ruas de várias cidades alemãs em protesto contra o partido. Em causa estava um plano de deportações em massa de cidadãos estrangeiros e alemães “não assimilados”, discutido numa reunião em Potsdam. No encontro estariam presentes membros da AfD.
O novo movimento, intitulado “Proibição Imediata do AfD” (tradução livre), foi formado especificamente na sequência das conclusões deste encontro.
A campanha que pede a proibição do AfD vai estar presente este fim de semana para vários protestos em Essen, cidade que recebe, sábado e domingo, o congresso nacional do partido.
“É também o resultado da experiência de que os avisos, as ações e as manifestações contra o AfD nos últimos anos pouco resultaram. Ao mesmo tempo, o AfD tem vindo a transformar-se cada vez mais num partido dominado por forças fascistas de direita; as forças menos radicais têm-se afastado cada vez mais”, apontou Julia Dück em declarações à agência Lusa.
“Também devido à investigação do Correctiv, tornou-se mais uma vez mais claro que o AfD trabalha com forças radicais de direita e violentas (…) Temos de fazer algo contra este partido agora. Temos de proibir o partido, porque viola claramente a Lei Fundamental e atenta contra a dignidade humana”, continuou.
Apesar dos escândalos de envolvimento com a Rússia e a China por parte dos dois principais candidatos do AfD às eleições europeias, o partido conseguiu ser o segundo mais votado, à frente das forças políticas que constituem o governo.
“O reforço cada vez mais visível das forças de extrema-direita não é um fenómeno puramente alemão, mas também europeu. No entanto, a campanha não é uma reação às eleições europeias (…) Os resultados das eleições europeias eram previsíveis e constituem um aviso”, esclareceu a porta-voz desta aliança.
Julia Dück revela que, após o lançamento da campanha, há uma semana, têm recebido muitos contactos de pessoas interessadas em juntarem-se à causa.
“A nossa impressão é que a maioria das pessoas na Alemanha sente e percebe muito claramente o perigo que a AfD representa. O que é necessário é a coragem de lhe fazer frente e nós queremos canalizar isso com a campanha”, assume.
O movimento garante que vai estar presente nas manifestações e nos meios de comunicação, abordará os líderes políticos, e irá às associações, clubes e organizações locais para fornecer informações e mobilizar o maior número de pessoas possível.
“O objetivo é ‘desnormalizar’ as políticas racistas e nacionalistas do AfD e exercer pressão para que seja encontrada uma maioria no Bundestag (parlamento) para iniciar o processo de proibição”, destacou a porta-voz.
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