A mulher de João Rendeiro foi detida esta quarta-feira no âmbito de várias buscas domiciliárias relacionadas com o antigo presidente do Banco Privado Português (BPP), avançou hoje a TVI24.
Aquela fonte acrescenta que irá passar a noite prisão de Tires e amanhã será apresentada perante um juiz de instrução para aplicação das medidas de coação. O Ministério Público (MP) deve pedir apreensão do passaporte, alegando risco de fuga.
A buscas estão a ser levadas a cabo numa operação conjunta entre o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e a Polícia Judiciária (PJ), que também envolvem Florêncio de Almeida, presidente da Antral e pai do antigo motorista de João Rendeiro.
O esclarecimento oficial do MP e PJ
Um comunicado do DCIAP, hoje divulgado, refere que, no âmbito de um inquérito, foram cumpridos na zona de Lisboa e Cascais nove mandados de busca domiciliária e oito mandados de busca não domiciliária.
Segundo adianta o DCIAP, tais mandados inserem-se numa investigação sobre "a prática de crimes de branqueamento e de descaminho, relacionados com fundos que se suspeita terem sido retirados do Banco Privado Português [BPP], assim como com as obras de arte apreendidas a João Rendeiro no âmbito de processo no qual se encontra condenado".
Embora sem mencionar expressamente o nome de Maria de Jesus Rendeiro, o DCIAP afirma que, "por se ter considerado existir um forte perigo de fuga, para a aquisição e conservação da prova e para a descoberta da verdade", foram emitidos e cumpridos mandados de detenção contra uma suspeita para esta se apresentar, "no prazo de 48 horas, a primeiro interrogatório judicial com vista à aplicação de medidas de coação adequadas".
As diligências foram executadas pela PJ sob a direção de dois magistrados do Ministério Público.
Em comunicado entretanto divulgado, a Polícia Judiciária dá conta de detalhes da operação denominada "D’Arte Asas", referindo que "foi cumprido um mandado de detenção emitido pelo DCIAP".
A PJ disse ainda que as buscas em Lisboa, Oeiras, Estoril e Alcáçovas envolveram cerca de cinquenta inspetores e peritos.
Segundo a nota do DCIAP, a operação de hoje visou "a recolha da prova dos factos e a recuperação de produto do crime".
Sem condições psicológicas para declarações
Maria de Jesus Rendeiro, mulher do antigo presidente do BPP, poderá ser acusada do crime de descaminho. No final de outubro, escusou-se a prestar declarações em audiência em tribunal, sobre o paradeiro das obras de arte de que é fiel depositaria, alegando não ter "condições psicológicas" para o fazer.
O antigo presidente do BPP João Rendeiro, que em 28 de setembro foi condenado a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por burla qualificada, está em parte incerta, fugido à justiça.
O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.
O BPP originou vários processos judiciais, envolvendo burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática, bem como um outro processo relacionado com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancária.
*Com Lusa
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