As manifestantes apresentaram-se como membros do “movimento espontâneo das mulheres ativistas do Afeganistão” e brandindo cartazes com as inscrições: “Porque razão o mundo nos deixa morrer em silêncio?”, “Direito à Educação” e “Direito ao Trabalho”.
“Todos os dias a pobreza provoca a desgraça, as nossas crianças morrem, os homens não têm trabalho. Eles suicidam-se e o mundo mantém-se silencioso”, disse Husna Saddat, uma das manifestantes presentes no protesto.
“Porque motivo, e até quando é que temos de ser prisioneiras nas nossas casas? Porque motivo ninguém nos entende? Porque motivo as mulheres não têm o direito de serem ativas na nossa sociedade?”, acrescentou.
A manifestação que deveria ter decorrido próximo da missão das Nações Unidas no Afeganistão (Unama) dirigiu-se para a entrada da antiga “zona verde” onde se situam os edifícios das embaixadas internacionais, abandonadas após a tomada do poder pelos talibãs.
“Exigimos ao secretário-geral das Nações Unidas apoio aos nossos direitos, à educação e ao trabalho (…) atualmente somos privadas de tudo”, disse à France Press Wahid Amiri, uma das organizadoras do protesto.
Numa altura em que as manifestações estão proibidas pelos talibãs sendo violentamente reprimidas desde a instauração do autoproclamado Emirado Islâmico, Amiri afirma que as mulheres apenas “querem manifestar-se de forma pacífica”.
Os guardas talibãs presentes no local mandaram dispersar o protesto e impediram os jornalistas de se aproximarem da manifestação.
Uma dezena de guardas talibãs reforçou o contingente inicial e impediu os jornalistas de exercerem a profissão tendo confiscado um telemóvel a um repórter local que filmava o protesto.
As manifestações de mulheres tornaram-se mais frequentes nas últimas semanas, em Cabul.
Na quinta-feira passada, 20 afegãs foram autorizadas a desfilar durante uma hora e meia no centro da capital, mas os jornalistas estrangeiros tiveram dificuldades para se aproximarem das manifestantes durante o protesto.
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