Contactada pela agência Lusa sobre o balanço dos visitantes nestes 15 anos de atividade, fonte da comunicação do museu indicou que o espaço museológico instalado no Centro Cultural de Belém (CCB), desde 2007, recebeu, até quinta-feira, 10.335.000 visitantes.
Das 123 exposições, nas temporárias, a artista Joana Vasconcelos, com “Rem Rede” (2010), lidera as mais visitadas, contabilizando 167.852 entradas, seguindo-se “O Enigma” (2016), que recebeu 157.040 visitantes, e “Quel Amour!?” (2018/2019), com 150.689 entradas.
Quanto às exposições permanentes, a “Coleção Berardo 1900-1960”, patente ao público entre junho de 2011 e março de 2020, foi a mais visitada até hoje, com 1.744.275 entradas, seguindo-se a mostra “Coleção Berardo 1960-2010”, com 1.528.468 visitantes, patente de novembro de 2011 a outubro de 2018.
Entre 2007 e maio de 2022, o serviço educativo organizou 31.856 atividades, que contaram com um total de 639.456 participantes, ainda segundo as estatísticas enviadas à agência Lusa.
Para celebrar o 15.º aniversário do Museu Coleção Berardo, vai ser inaugurada, no sábado, entre as 16:00 e as 19:00, a exposição “Dos Pés à Cabeça”, com curadoria de Cristina Gameiro, sustentada na representação do corpo nos diversos suportes artísticos.
Especialmente pensado para um público infantojuvenil, este projeto reúne obras de artistas modernos e contemporâneos, portugueses e estrangeiros, e inclui uma linha do tempo que acompanha a história da representação do corpo ao longo de várias épocas e culturas, assim como um espaço lúdico, com atividades para todas as idades.
Albuquerque Mendes, Álvaro Lapa, Ana Mendieta, Ângelo de Sousa, Caetano Dias, Eugène Leroy, Fernando Lemos, Georg Baselitz, Helena Almeida, James Rielly, Jean Dubuffet, Julio González, Keith Haring, Nan Goldin, Pauliana Valente Pimentel, Peter Blake e Robert Bechtle são alguns dos artistas representados na nova mostra.
Até ao final do ano, serão inauguradas ainda duas exposições no quadro da programação: “Debaixo da Pele”, do artista português Miguel Telles da Gama, que abre a 06 de julho, com curadoria de José Luís Porfírio, e, no último trimestre de 2022, uma exposição do artista brasileiro Luiz Zerbini.
Inaugurado em 25 de junho de 2007, o Museu Coleção Berardo foi criado na sequência de um acordo assinado em 2006 para cedência gratuita, ao Estado, por dez anos, de uma coleção com 862 obras de arte do colecionador e empresário José Berardo, avaliadas, na altura, em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie’s.
Em 2016, concluídos os 10 anos do acordo com o Estado para criar o Museu Coleção Berardo, foi assinada uma adenda entre as partes para prolongamento por mais seis anos, com a possibilidade de ser renovada automaticamente a partir de 2022, se não fosse denunciado por qualquer das partes, nos seis meses antes do fim do protocolo.
A coleção de arte ficou envolta em polémica depois de terem vindo a público as dívidas do empresário a três instituições bancárias – a CGD, o Novo Banco e o BCP — que pretendem apreendê-la como créditos para pagar uma dívida global de quase mil milhões de euros.
As obras foram judicialmente arrestadas em julho de 2019, na sequência de um processo interposto em tribunal pelos três bancos, e o CCB tornou-se, desde então, o seu fiel depositário.
José Berardo, que preside à fundação em seu nome a título vitalício, foi detido em junho de 2021, tendo ficado indiciado de oito crimes de burla qualificada, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada, dois crimes de abuso de confiança qualificada e um crime de descaminho.
Acabou por ser sujeito a uma caução de cinco milhões de euros e a proibição de sair do país sem autorização do tribunal.
No final de maio deste ano, o Governo anunciou que iria denunciar o protocolo assinado entre o Estado e o colecionador José Berardo, com efeitos a 01 de janeiro de 2023.
Na altura, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, indicou que a Fundação de Arte Moderna e Arte Contemporânea — Coleção Berardo — constituída para a criação do museu, e presidida por José Berardo, será extinta, e iniciado um processo para a criação de um museu de arte contemporânea para reunir várias coleções, nomeadamente a Coleção Ellipse, iniciada em 2004 pelo banqueiro João Rendeiro (1952-2022), com cerca de 800 obras, e cuja compra está a ser equacionada pelo Estado.
O Governo também anunciou que, quando os tribunais tomarem uma decisão definitiva sobre a propriedade das obras da Coleção Berardo, o Estado irá negociar os termos de um novo acordo.
Globalmente, na sequência do processo contencioso movido pelos bancos, foram arrestadas cerca de 2.200 obras de arte do colecionador José Berardo.
A coleção – que continua patente no museu, no CCB – reúne os desenvolvimentos artísticos no mundo ocidental, no decurso do século XX, e inclui, entre outras, obras de artistas conceituados como Jean Dubuffet, Joan Miró, Yves Klein, Piet Mondrian, Duchamp, Picasso, Chagall e Andy Warhol, além de artistas portugueses como Rui Chafes, José Pedro Croft, Jorge Molder e Fernanda Fragateiro.
Quando, em 2016, se deu a renegociação do acordo entre o Estado e o colecionador José Berardo, que prolongou a instalação do museu por mais seis anos, renováveis, as entradas, gratuitas desde a inauguração, em 2007, passaram a ser pagas desde 01 de maio de 2017, no contexto dos novos termos, mantendo o sábado como dia de entrada livre.
Desde 2009, e durante oito anos, o Museu Coleção Berardo figurou na lista dos 100 museus mais visitados do mundo, segundo as estatísticas do The Art Newspaper, publicação internacional especializada em arte contemporânea.
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