A baleia anã deu à costa na terça-feira “em avançado estado de decomposição”, o que levou a equipa do Museu Nacional de História Natural e da Ciência a, "inicialmente", recolher apenas o crânio, "por ser a peça com mais interesse científico", disse à agência Lusa a bióloga Judite Alves.
O facto de o corpo se encontrar completo acabou, no entanto, por suscitar o interesse da equipa que hoje de manhã iniciou, na praia da Polvoeira, no concelho de Alcobaça, o “esquartejamento do animal para retirar o esqueleto que será levado para o Museu”, explicou a mesma responsável.
Munidos de serrotes para esquartejar o corpo do animal, cuja “carne e vísceras serão enviadas para incineração”, dois biólogos, um geólogo e um técnico de logística procedem ao desmantelamento da baleia, operação que Judite Alves estima que se prolongue até cerca das 16:00.
Com o jardim do Museu fechado ao público, temporariamente, devido a obras no âmbito do Orçamento Participativo de Lisboa, o esqueleto “vai ser depositado numa área reservada do jardim botânico” onde, segundo Judite Alves, “vai ser limpo e tratado pelo taxidermista”.
A tarefa deverá estar concluída dentro de uma semana, após o que o esqueleto “vai, numa primeira fase, integrar as coleções científicas” e, posteriormente, serão “desenvolvidos esforços para que seja exposto ao público, mesmo que apenas temporariamente”, adiantou a bióloga.
A dimensão da baleia será, no entender de Judite Alves, “um dos aspetos com bastante interesse para o público”, que através do trabalho desenvolvido pelo Museu poderá conhecer melhor a espécie “relativamente comum na nossa costa” e que está catalogada como “vulnerável, tendo em conta o baixo número de indivíduos”.
A baleia-anã (Balaenoptera acutorostrata), a mais pequena e também a mais abundante das baleias, está assim classificada no Livro Vermelho de Vertebrados de Portugal (que segue a classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza para espécies ameaçadas) por a espécie “apresentar uma população inferior a 10.000 indivíduos maduros e estar a ocorrer um declínio continuado”, sublinhou.
As solitárias baleias, “que não fazem cardume”, mas podem ser a avistadas em grupos de dois ou três”, são vistas com regularidade na costa portuguesa e visitam “os Açores e ocasionalmente a Madeira”, explicou a investigadora à Lusa durante os trabalhos de desmantelamento da baleia, salvaguardando não se tratar de um animal perigoso, já que se alimenta de “kril, peixes e cefalópodes pelágicos [como lulas ou polvos]”.
A baleia anã arrojou na Praia Água de Madeiros (a Norte de Paredes da Vitória e a Sul de São Pedro de Moel) na terça-feira e foi na quarta-feira arrastada por técnicos do setor de ambiente da Câmara de Alcobaça para a Praia da Polvoeira, a cerca de dois quilómetros, para a preservar do público e facilitar o acesso da equipa do museu ao animal.
O desmantelamento da baleia foi autorizado pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e acompanhado pela Polícia Marítima.
Comentários