O caso teve lugar no domingo anterior à publicação. A polícia alegou que o interrogatório e a expulsão do território deve-se ao facto de Oliver Ma Fu Chi não ter licença para atuar na rua. Já o artista de rua garantiu que também foi questionado pelos agentes sobre se tencionava tocar “Glória a Hong Kong”, uma melodia que se tornou popular durante os protestos de 2019.
Oliver Ma disse ter sido abordado pelos polícias mal terminara a primeira música, perto das Ruínas de São Paulo, tendo sido informado na madrugada do dia seguinte de que estava proibido de entrar em Macau durante um ano e que seria escoltado para fora do território, não que sem antes tivesse sido questionado pelos agentes sobre o cântico pró-democracia: “”Já cantou #GlorytoHongKong em Hong Kong? Estava a planear cantá-la aqui? O que é que a canção significa?”, citou, na publicação no Facebook.
“Só por ter sacado do meu microfone e da minha guitarra, toda a minha família foi assediada durante todo o dia. Tive de entregar a palavra-passe do meu telemóvel, com todo o tipo de acesso às minhas redes sociais e pessoais, aos polícias de Macau (…). Não consegui estabelecer contacto com o meu advogado e foi-me negada comida”, acusou o ativista pró-democracia.
A polícia alegou que a entrada do músico em Macau “era apenas para fins turísticos e, de acordo com os relatórios pertinentes, o comportamento da pessoa interessada (…) desviava-se claramente do objetivo para o qual lhe tinha sido concedida a autorização de permanência para entrar no território”.
Por esta razão, a autorização de permanência foi revogada e, “tendo em conta os factos objetivos”, e para “salvaguardar o interesse público da região e cumprir as atribuições específicas da Polícia de Segurança Pública”, foi notificado que se “pretende adotar a medida de segurança de proibição de entrada ao interessado por um período de um ano”.
A imagem da notificação foi publicada também por Oliver Ma no Facebook.
Em 2019, tornou-se viral um vídeo de Oliver Ma a cantar “Glória a Hong Kong”, rodeado de polícias. Em 2021 voltou a ser detido, com a polícia a alegar que organizara um ajuntamento que violava as restrições anti-pandemia de covid-19. Contudo, foi ilibado em maio deste ano, pelo tribunal.
Há um mês, o Governo de Hong Kong apresentou um novo pedido para proibir o cântico pró-democracia, após uma primeira rejeição por parte da Justiça.
O executivo defendeu que a canção, uma criação anónima, tem sido difundida ou executada “com a intenção de incitar outros à secessão ou com intenções sediciosas”.
O Governo recordou que tinha decidido tomar medidas legais depois de a canção ter sido transmitida em várias ocasiões em vez do hino nacional chinês em eventos desportivos no estrangeiro.
Atualmente, é ilegal cantar ou tocar “Glória a Hong Kong” ao abrigo da lei de segurança nacional. Os músicos que a tocaram em público foram processados pelas autoridades.
Li Jiexin, de 69 anos, está atualmente a ser julgado por “atuação não licenciada” depois de ter tocado a música com um erhu, um instrumento chinês de duas cordas, em 2021 e 2022.
Em meados de junho, a canção foi retirada das plataformas de ‘streaming’, incluindo o iTunes e o Spotify, depois de o Governo ter intentado uma ação judicial.
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