Em comunicado enviado às redações JRS Portugal - Serviço Jesuíta aos Refugiados -, que "oferece vários serviços de acompanhamento de pessoas imigrantes e refugiadas, de forma a apoiar o seu processo de integração em Portugal, tais como o apoio à empregabilidade, apoio social e jurídico, formação profissional e aprendizagem da língua portuguesa, entre outros" - alerta para alguns dos preconceitos de que são vítimas migrantes e refugiados aquando da procura de emprego.
A campanha de sensibilização lançada por este serviço tem "o mote “Algumas desculpas escondem um preconceito” pretende desconstruir os mitos mais comuns associados à contratação de pessoas imigrantes e refugiadas, lembrando que o respeito e a dignidade dos processos de contratação dependem muito das entidades empregadoras."
No mesmo comunicado o diretor geral do JRS Portugal, André Costa, lembra que uma oportunidade de emprego é o primeiro passo, e o mais importante, para uma integração plena. “Uma oportunidade de emprego digno representa o início de uma nova fase na vida de muitas pessoas imigrantes e refugiadas. Permite, ainda, alavancar uma série de dimensões do processo de integração, como o acesso a habitação em Portugal, o apoio à família no país de origem, entre outras. Mas, contratar pessoas imigrantes ou refugiadas não é um gesto de caridade ou boa ação, e é precisamente isso que queremos transmitir com esta campanha. É uma situação em que todas as partes ganham, ou win-win-win: beneficia o empregador, a pessoa estrangeira contratada e os mas, também, os portugueses”
Portugal, e a Europa, têm lidado com um grande fluxo migratório nos últimos anos e politicamente ainda não há consenso no que à receção e integração de migrantes diz respeito. Pelos vistos, segundo este comunicado do JRS, o mesmo acontece no mundo laboral. "A experiência do Gabinete de Emprego demonstra que são muitas as barreiras que as pessoas imigrantes e refugiadas enfrentam junto das entidades empregadoras nos momentos de procura de emprego e contratação. Questões como a nacionalidade, a língua, a cultura, os impedimentos documentais, o desconhecimento da legislação ou o não reconhecimento do currículo e das qualificações são apenas alguns exemplos. Além disso, não é incomum que as entidades empregadoras proponham contratar pessoas migrantes sem oferecer um contrato de trabalho, deixando-as desprovidas de direitos, aproveitando-se da situação de vulnerabilidade em que se encontram. "
Desta forma, e para mitigar alguns dos efeitos deste preconceito "em 2022, o JRS Portugal conseguiu angariar 770 ofertas de emprego digno para as pessoas imigrantes e refugiadas que acolhe e acompanha diariamente", promovendo "a integração dos seus utentes no mercado de trabalho, apoiando pessoas com diferentes qualificações e experiências profissionais, em várias áreas: saúde, serviços administrativos, restauração, acompanhamento de crianças, serviços domésticos, cuidados a idosos, informática, hotelaria, construção civil, entre outras".
Contudo, o Serviço Português de Apoio aos Refugiados deixa um alerta, "o sucesso na integração no mercado de trabalho depende sempre das entidades empregadoras." E, por isso, lança o apelo "cabe a todos nós mudar estar realidade: não só aos empregadores, mas também à Sociedade Civil Com esta campanha, o JRS Portugal pretende apelar à consciência das entidades empregadoras e demonstrar que as oportunidades de trabalho dignas e respeitadoras dos direitos humanos podem realmente fazer diferença, não só na vida dos trabalhadores imigrantes e refugiados, mas também na sociedade portuguesa como um todo."
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