Marion Krueger, 85 anos, Kirkland, Washington. Bisavó de riso fácil.
Kious Kelly, 48 anos, Nova Iorque. Enfermeira na luta contra a covid-19.
Floyd Cardoz, 59 anos, Montclair. Chefe indiano de refeições requintadas.
Clair Dunlap, 89 anos, Washington. Piloto que ainda ensinava as pessoas a voar aos 88 anos.
Romi Cohn, 91 anos, Nova Iorque. Escondeu 56 famílias de judeus da Gestapo.
April Dunn, 33 anos, Baton Rouge. Defendeu os direitos das pessoas com deficiência.
Myles Coker, 69 anos, Nova Iorque, Libertada após ser condenada à prisão perpétua.
Maria Garcia-Rodelo, 52 anos, Nevada. Levava os seus filhos para a escola todas as manhãs.
Ina Shaw Mirviss, 93 anos, Stamford. Tinha discussões científicas durante o jantar.
Lila A. Fenwick, 87 anos, Nova Iorque. A primeira mulher negra a formar-se na Harvard Law School.
Estes são dez nomes e pequenos obituários, mas na primeira página do The New York Times estão mil nomes, dos quase 100 mil que pertencem às vítimas mortais provocadas pelo novo coronavírus.
"Em vez dos artigos, fotografias ou gráficos que normalmente aparecem na primeira página do The New York Times, este domingo há apenas uma lista: uma lista longa e solene de pessoas cujas vidas foram perdidas devido à pandemia do coronavírus", pode ler-se no artigo que explica o projeto.
Simone Landon, subeditora do departamento gráfico do New York Times, quis fazer alguma coisa que representasse as mortes que se registavam, semana após semana. Era preciso "representar o número de uma maneira que transmitisse a vastidão e a variedade de vidas perdidas".
Com a proximidade do marco das 100 vítimas mortais, era chegada a altura. Por isso, pensou-se na primeira página e na forma de concretizar a ideia. Colocar 100 mil pontos ou figuras numa página "não diz muito sobre quem eram as pessoas, as vidas que tinham, o que isso significa para nós como país", disse Landon. A alternativa foi compilar obituários e notícias de mortes de vítimas da covid-19, de grandes e pequenos jornais de todo o país.
Depois disso, o trabalho foi selecionar pormenores da vida de cada um. Landou referiu, no fim, que o resultado é "uma rica tapeçaria", tecida por vários membros da equipa, para preservar a memória das vítimas.
Marc Lacey, chefe de redacção do jornal, referiu que "queria algo que as pessoas pudessem reler daqui a 100 anos para entender o peso do que estamos a passar".
Para ajudar à perceção no digital, o The New York Times criou ainda um conteúdo interativo. O leitor, deslizando para baixo, depara-se com os nomes das vítimas, as frases descritivas de cada uma e pequenos textos que vão sempre frisando o número que está quase aí: 100 mil mortes.
Os Estados Unidos registaram 1.103 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, elevando o total de óbitos para 96.983, segundo um balanço independente da Universidade Johns Hopkins.
De acordo com os números contabilizados até às 20:00 de sábado(01:00 de domingo em Lisboa), o país registou também mais 18.467 nas últimas 24 horas, atingindo os 1.618.948 casos confirmados desde o início da pandemia.
Os Estados Unidos são de longe o país com mais vítimas mortais em todo o mundo e mais casos de infeções confirmadas.
O estado de Nova Iorque continua a ser o principal foco da pandemia naquele país, com 359.926 casos confirmados e 29.031 mortos, números semelhantes a países como França e Espanha.
Só na cidade de Nova Iorque morreram 21.138 pessoas.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 339 mil mortos e infetou mais de 5,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de dois milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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