A informação foi prestada hoje, em Luanda, por Adjany Costa, bióloga angolana e diretora para Angola deste projeto da National Geographic, no terreno, no Delta do Okavango, até agora praticamente por explorar, desde 2015 e abrangendo ainda a Namíbia (Faixa de Caprivi), Zâmbia (sudoeste) e o Botsuana (norte).
"Vamos entrar na terceira fase deste projeto, em que queremos aplicar esses dados todos que obtivemos nos últimos três anos para enriquecer e facilitar planos de estratégia já existentes no país", explicou Adjny Costa, à margem de um ‘workshop’ realizado hoje na capital angolana, precisamente para abordar os dados recolhidos nas primeiras duas fases.
A primeira fase, com 34 especialistas e uma expedição que envolveu avanços por terra e em canoas nas bacias hidrográficas do Cubango/Okavango, Cuando e Cuiva, foi de exploração científica e geográfica, recolhendo dados sobre as nascentes de água, espécies e comunidades.
"Estamos a falar, em alguns casos, de zonas que ficaram isoladas, devido à guerra", explicou Adjany Costa, sendo que a área total de estudo, entre os quatro países, atinge os 650.000 quilómetros quadrados de bacias hidrográficas, essencialmente em território angolano.
Cientificamente foram já descritas mais de 1.000 espécies, nomeadamente 407 de aves, 43 de mamíferos, com destaque para o primeiro avistamento em Angola do rato-pigmeu, ainda 92 espécies de peixes e 99 de répteis e anfíbios, além de outros grupos mais pequenos.
"No total temos potencialmente 24 espécies novas para a ciência, que estão agora em fase de estudo. Descobrimos mais de 16 lagoas de nascentes, aquela área é rica em água e é a torre de estabilidade tanto do Cubango/Okavango como do Zambeze", acrescentou a diretora para Angola deste projeto da National Geographic, desenvolvido em conjunto com a organização Wild Bird Trust e o Ministério dos Ambiente angolano.
Na segunda fase, as expedições envolveram o compromisso com as comunidades locais, ao nível das tradições e uso dos recursos naturais, chegando a mais de 4.000 pessoas que vivem em 36 comunidades, das mais remotas nesta área.
Na terceira fase, que agora arranca, em paralelo com novas expedições já previstas para maio, a National Geographic pretende disponibilizar dados científicos e técnicos, desde logo sobre a fauna e a flora, mas também relativas à qualidade e quantidade de água, às autoridades angolanas.
"Para um melhor planeamento e enquadramento das estratégias nacionais de conservação, especificamente da bacia do Cubango/Okavango", concluiu Adjany Costa.
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