“Por causa de um personagem gay não foi concedida a permissão de filmagem da série de televisão. Isto é muito aterrador para o futuro”, disse a guionista Ece Yorenc ao portal sobre cinema turco Altyazi Fasikul.
O cancelamento ocorre numa altura em que se verifica uma crescente preocupação das organizações não-governamentais e ativistas pelo incremento da retórica contra a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgénero) por parte das autoridades islamistas no poder na Turquia, e pelos líderes religiosos.
À medida que o número de subscritores da Netflix cresce na Turquia também a quantidade de programas de televisão produzidos no país para a plataforma de televisão.
A série cancelada chama-se “In Only” e conta a história de uma mulher casada que viaja constantemente.
As filmagens deviam começar este mês mas a Netflix decidiu suspender as gravações na semana passada.
O gigante da produção audiovisual decidiu cancelar a rodagem depois de reuniões com a autoridade audiovisual turca RTUK, não tendo aceitado as exigências do organismo.
A guionista explicou que não havia cenas de sexo ou contacto físico entre pessoas do mesmo sexo.
Mahir Unal, vice-presidente do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), no poder, negou esta semana que a plataforma Netflix se vai retirar da Turquia e disse, através das redes sociais, que a empresa vai mostrar no futuro “uma maior sensibilidade pela cultura e pela arte turcas e com um espírito de cooperação”.
A Netflix também negou os rumores com a declaração: “Atualmente temos vários originais turcos em produção, e outros previstos, e esperamos compartir estas histórias com os subscritores em todo o mundo”.
Apesar do cancelamento da produção, a guionista disse que a Netflix lhe pagou assim como vai pagar os vencimentos dos trabalhadores da série de oito episódios e que não foi filmada.
A homossexualidade não é crime na Turquia mas a posição oficial e social contra a comunidade LGBT tem vindo a aumentar.
A marcha do orgulho gay de Istambul tem sido proibida nos últimos cinco anos.
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