O Prémio Nobel da Economia foi atribuído aos economistas Paul Milgrom, de 72 anos, e Robert Wilson, de 83, especialistas em leilões cujo trabalho inovador foi utilizado em particular para a atribuição de frequências de telecomunicações.
O "Prémio do Banco da Suécia de Economia em Memória de Alfred Nobel" é-lhes atribuído por "melhorar a teoria dos leilões e inventar novos formatos de leilão", disse o júri da Academia Sueca de Ciências.
O prémio é o último dos Prémios Nobel a ser anunciado e será entregue, tal como os outros, no dia 10 de dezembro.
A dupla, que era uma das favoritas ao prémio este ano, é mais conhecida por estar por trás do conceito de venda de licenças de frequência de telecomunicações nos Estados Unidos.
Os dois economistas, ambos professores de Stanford, também trabalharam nos mecanismos de alocação de slots de aviões em aeroportos.
"Os leilões são extremamente importantes... estes novos formatos respondem à sociedade no mundo inteiro", sublinhou Peter Fredriksson, membro do júri, na conferência de imprensa após o anúncio.
Questionado na conferência de imprensa logo após o anúncio do prémio, um dos novos Nobel, Robert Wilson, comemorou a notícia e confidenciou que nunca tinha participado de um leilão. "Eu mesmo nunca participei num leilão (...) A minha esposa lembrou-me que temos botas de esqui compradas no eBay, acho que foi em leilão", declarou.
Robert Wilson mostrou, entre outras coisas, que participantes racionais num leilão tendem a apresentar propostas mais baixas por medo de pagar demais.
O outro laureado, Paul Milgrom, formulou uma teoria mais geral dos leilões, que mostra, entre outras coisas, que um leilão gera preços mais altos quando os compradores obtêm informações sobre as propostas planeadas por outros licitantes durante o leilão.
Desigualdades, psicologia comportamental, saúde ou mercado de trabalho ... O jogo estava em aberto este ano. Mas Milgrom e Wilson eram apontados entre os favoritos.
Em 2019, o prémio foi atribuído a um trio de investigadores especializados no combate à pobreza, os americanos Abhijit Banerjee e Michael Kremer e a franco-americana Esther Duflo, a segunda mulher distinguida na disciplina e a mais jovem laureada da história deste prémio.
Economia tem sido, até agora, o Nobel onde o perfil do futuro vencedor é o mais fácil de adivinhar: homem com mais de 55 anos de nacionalidade americana, como este ano.
Nos últimos 20 anos, três quartos deles enquadram-se nessa descrição. A média de idades dos vencedores também é superior a 65 anos, a maior entre os seis prémios.
Embora seja o prémio de maior prestígio para um investigador em economia, o prémio não adquiriu o mesmo status das disciplinas escolhidas por Alfred Nobel no seu testamento de fundação (Medicina, Física, Química, Paz e Literatura), e os seus detratores falam dele como um "falso Nobel" que representa economistas ortodoxos e liberais.
Foi instituído em 1968 pelo Banco Central da Suécia e concedido pela primeira vez em 1969.
Uma seleção mais feminina do que o habitual
O Prémio de Economia encerra a temporada de Nobel de 2020. Na sexta-feira, foi entregue o Nobel da Paz ao Programa Mundial de Alimentos, órgão da ONU para o combate à fome; na quinta-feira, a poeta americana Louise Glück venceu Literatura; na terça-feira, a também americana Andrea Ghez, foi co-vencedora de Física e duas mulheres entraram para a História do Nobel pela descoberta da "tesoura genética": a francesa Emmanuelle Charpentier e a americana Jennifer Doudna que se tornaram a primeira dupla 100% feminina a ganhar um Nobel científico, em Química.
Com quatro mulheres vencedoras, a seleção de2020 é mais feminina do que o habitual, mesmo que não iguale o recorde de cinco mulheres distinguidas em 2009.
Os vencedores, que repartem quase um milhão de euros por cada disciplina, vão receber o prémio este ano no seu país de residência, devido à pandemia de covid-19.
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