Envolvida em turbulência desde o outono de 2017, a Academia Sueca tinha adiado, na primavera do ano passado, o anúncio do Nobel de Literatura de 2018, o que aconteceu pela primeira vez nos últimos 70 anos.
A crise foi espoletada quando o fotógrafo francês Jean-Claude Arnault, casado com Katarina Frostenson, membro da Academia, foi acusado de violação e assédio em pleno movimento “#Metoo”, tendo sido, entretanto, condenado a dois anos e meio de prisão.
A poetisa Katarina Frostenson fazia parte do conselho que decidia a atribuição do Nobel da Literatura, e foi obrigada a demitir-se, em abril do ano passado.
A agência noticiosa France-Presse refere que, desde o verão passado, a Academia tem tentado melhorar a sua imagem e substituiu os vários académicos que se demitiram, entretanto.
Segundo os estatutos, a escolha de um distinguido com o Nobel exige a presença de pelo menos 12 dos 18 membros do Comité de Sábios e, até outubro último, este contava apenas dez membros ativos.
"O Conselho de Diretores da Fundação Nobel acredita que decisões tomadas pela Academia Sueca – e a sua disposição em agir – oferecem a possibilidade de restaurar a confiança na Academia como a instituição que concede o prémio", segundo uma declaração da Fundação Nobel.
O Comité do Nobel, normalmente composto por cinco membros que recomendam um laureado ao resto da Academia, deve incluir em 2019 e 2020 "cinco especialistas externos", incluindo críticos, editores e redatores entre os 27 e os 73 anos.
"Embora seja necessário tempo para restaurar completamente a confiança [na Academia], o Conselho de Diretores da Fundação Nobel acredita que as condições serão cumpridas".
O académico Horace Engdahl, que apoiou Jean-Claude Arnault, anunciou sua renúncia do Comité Nobel.
"Ele deixa o comité para não comprometer o futuro do prémio, e não complicar a cooperação entre a Academia Sueca e a Fundação Nobel", anunciou, por seu turno, a Academia.
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