O presidente do sindicato, Henrique Reguengo, deu o exemplo do hospital onde trabalha para sublinhar: “só em atitudes proativas em meia dúzia de medicamentos poupamos todos os anos três a quatro milhões de euros”.
O responsável do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF), hoje ouvido na Comissão Parlamentar de Saúde a pedido do Bloco de Esquerda, deu o exemplo da farmacocinética, que consiste na medição dos níveis terapêuticos dos medicamentos no sangue dos doentes, permitindo perceber se a dose que o doente está a fazer está ajustada e a ser eficaz, se nada está a fazer ou se até está a ser tóxica para alguns órgãos, impedindo melhorias e obrigando a mais dias de internamento.
“Todos os dias conseguimos dizer se determinada dose está ou não está adequada e adequamo-la, dizendo ao médico. Com isto, podemos passar de uma dose em que o medicamento está a ser gasto e não está a fazer nada para uma dose eficaz, que cura o doente e, com isso, leva a menos tempo de internamento e a menos assistência”, explicou.
O responsável lembrou igualmente que este trabalho dos farmacêuticos “é essencial, mas não é visível” e lamentou que a poupança que estes profissionais trazem para o Serviço Nacional de Saúde não tenha o devido reconhecimento, com uma melhoria das condições de trabalho e salariais.
“Nós não somos vistos, mas salvamos vidas todos os dias”, disse Henrique Reguengo, lembrando que a farmacocinética não é feita em todos os hospitais por falta de profissionais: “Isto feito corretamente em todos os hospitais do país poupava dinheiro e tempo de internamento”.
Questionado pelos deputados, adiantou que há 985 farmacêuticos no SNS, apontando para uma carência entre 25% a 50% nos serviços públicos.
“Se quisermos um SNS com qualidade e competente, em que se pode usar o que a ciência e tecnologia dá para cobrir o que os portugueses têm direito, temos de ir mais longe”, acrescentou.
A delegação do sindicato voltou a insistir que não vê da parte da tutela vontade política para resolver as reivindicações destes profissionais, lembrando que, em 2017, aquando da negociação da carreira, foram os únicos a aceitar a “nulidade salarial”.
Os farmacêuticos do SNS estiveram pela primeira vez em greve no ano passado e já agendaram para junho mais três dias, pela valorização da profissão e atualização salarial, manifestando-se disponíveis para reuniões com a tutela, “desde que sejam produtivas”.
De acordo com o pré-aviso entregue esta semana, a paralisação vai decorrer nos dias 22, 27 e 29 de junho, mas em modalidades diferentes.
O documento indica que no dia 22 a greve abrange todo o território continental e regiões autónomas, a 27 decorrerá nos distritos de Beja, Évora, Faro, Lisboa, Portalegre, Santarém, Setúbal e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira e no dia 29 será nos distritos de Braga, Bragança, Porto Viana do Castelo e Vila Real, Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.
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