Em audição no parlamento, a ministra disse que a devido tempo será dado conhecimento do levantamento que está a ser feito pela nova equipa de gestão liderada pelo novo provedor, Paulo Duarte de Sousa, mas que já teve conhecimento de irregularidades detetadas.

“Esta equipa já encontrou alguma coisa que não sabíamos que existia. Várias irregularidades no processo de alienação do Hospital da Cruz Vermelha, na resposta a entidades interessadas”, disse a governante aos deputados.

Afirmou ainda que há atrasos em processos de aquisição, caso da aquisição de refeições, que foram detetados pisos em edifícios hospitalares que não funcionam e um edifício em Monsanto concluído há mais de dois anos com capacidade para 60 camas “totalmente desocupado”. Falou ainda da falta de um plano estratégico para a área dos jogos e imóveis que não geram qualquer rendimento.

“Esta foi a situação que foi encontrada e que já nos foi relatada e diz bastante da gestão no período da provedora Ana Jorge”, afirmou Maria do Rosário Palma Ramalho.

Ainda sobre a saída de Ana Jorge, a ministra recusou ter feito um saneamento.

“Saneamentos e exonerações políticas não fiz nenhuma. Não há saneamento político, há exoneração por razões financeiras e de gestão”, afirmou, considerando que os novos elementos a que já teve acesso confirmam que teve razão nessa decisão.

Na próxima semana, disse a ministra, a nova equipa de gestão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa irá apresentar-lhe o plano de reestruturação.

A administração da SCML foi exonerada em 29 de abril, tendo a ministra Maria do Rosário Ramalho justificado a decisão de afastar Ana Jorge e a sua equipa por uma “total inação” face à situação financeira na instituição e por não ter um plano de reestruturação para a inverter, tendo ainda acusado a Mesa destituída de se ter beneficiado a si própria com aumentos salariais.

Em maio, tomou posse como novo provedor da Santa Casa Paulo Duarte Sousa, nomeado pela ministra Rosário Palma Ramalho, sucedendo a Ana Jorge no cargo.

A mudança na gestão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa aconteceu num momento de grande turbulência e instabilidade na instituição, com a provedora Ana Jorge exonerada antes de completar um ano à frente do organismo, acusada pelo atual governo de “atuações gravemente negligentes” que afetaram a gestão da Santa Casa. Ana Jorge disse que se sentiu maltratada e negou acusações de “benefício próprio”.

Escolhida pelo anterior governo (PS), Ana Jorge herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros.

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