A partir das 00:00 de segunda-feira entraram em vigor as novas medidas de combate à pandemia da covid-19 na região. Assim, nas ilhas de baixo risco, São Miguel e Terceira (onde as regras são menos flexíveis), os estabelecimentos de bebidas e discotecas já podem reabrir e os restaurantes podem ter um máximo de oito pessoas por mesa (salvo se do mesmo agregado familiar) e funcionar até três quartos da lotação, sem qualquer limitação de horário (antes estavam a encerrar até às 23:00).
Hoje, à hora de almoço, no restaurante Aliança, famoso pelo bife à regional, não havia mesas vazias e os funcionários corriam atarefados para dar resposta a todos os pedidos.
“As novas medidas só vêm ajudar a melhorar ainda mais. Tudo o que fizerem para nos deixarem trabalhar é muito bom, com as devidas condições e com as regras que nos impõem, mas quanto mais flexíveis, melhor”, afirmou à Lusa o responsável pelo restaurante, Nuno Oliveira.
O empresário não tem dúvidas ao afirmar que as novas medidas são “muito boas”, mas disse ter dificuldade em quantificar os ganhos no primeiro dia com as regras em vigor, uma vez que nas últimas semanas a “afluência tem sido muito grande”.
“Todos os dias tenho dado negas a 50, 60 pessoas. Isso é por minha palavra de honra. Todos os dias são reservas e reservas e reservas. Já não aceito mais reservas, eu estou cheiíssimo. Isto está cheio de gente cá: não está ao nível de 2019, mas está muito perto”, apontou.
E acrescentou: “quem se queixar nessa altura que feche a porta durante o ano”.
A aguardar por mesa no Aliança está António Rita, cliente habitual, que defende que os restaurantes são “espaços seguros”, uma vez que existem “todos os cuidados para controlar a pandemia” da covid-19.
“Acredito que é preciso retomar a normalidade possível. Grande parte da população está vacinada, acho que já é altura de começarmos a desconfinar um pouco mais e pôr as pessoas mais à vontade nos restaurantes, porque é um dos sítios onde podemos estar à vontade”, afirmou.
O gerente da Taberna Açor, Pedro Raposo, também enalteceu as novas medidas para a restauração, que vão ser “muito positivas” para o turismo da região.
O empresário deu um exemplo concreto: existem “vários voos” que chegam à ilha pelas 23:00 e muitos “turistas já não conseguiam comer porque estava tudo fechado”.
“Ainda bem que fizeram novas medidas. A procura tanto de locais como continentais ou estrangeiros tem sido muito abundante e com as restrições dos horários estava a ser complicado gerir as reservas”, apontou.
Pedro Raposo frisou, contudo, que os “restaurantes não podem deixar de cumprir” com as regras de controlo da pandemia, seja para “transmitir segurança” aos clientes, seja para “demonstrar aos governos que os restaurantes estão preparados”.
Com as novas regras, a Taberna Açor vai alargar o horário mais uma hora, até às 00:00. Ainda assim, devido à “enorme procura”, quando a Lusa esteve no local só era possível reservar uma mesa para sábado à noite.
“Agora já conseguimos abrir até as 00:00, já conseguimos rodar mais umas mesas o que é bom para a faturação e também é bom para quem nos está a visitar. Peço desculpa aos açorianos e principalmente aos micaelenses, porque não estamos mesmo a conseguir dar resposta à grande procura”, disse.
Uma grande afluência que vai tornando a pandemia da covid-19 num “pesadelo” cada vez mais distante.
“Estamos a ter uma evolução quase como em 2019. Estamos a ter a procura quase idêntica a 2019, é um novo renascer, é um sinal de confiança que estamos a ter todos, penso que para todos nós é um sinal de alegria”, declarou.
Mais acima, a grande quantidade de pessoas no exterior, revela que o restaurante A Tasca é um dos mais solicitados da ilha.
“Nós já tínhamos tentado vir aqui anteontem [domingo], mas não conseguimos. Agora tivemos de fazer reserva”, disse Vítor Silva, visitante, natural de Lisboa, que se preparava para entrar no restaurante.
O turista confessou estar surpreendido com a “quantidade de gente” que se encontra na ilha, mas reconhece que tal afluência “é muito importante para a economia local, sobretudo depois de uma crise”.
“Temos visto muita gente em quase todos os locais. Nos restaurantes não é fácil ter lugar. Ao menos é bom que não temos de mostrar certificado digital verde à entrada”, gracejou.
Lá dentro, a responsável pel’A Tasca, Raquel Silva, reconheceu que a permissão de ter oito pessoas por mesa “vai ajudar um bocado”, mas salientou que em termos de horário as novas medidas “não vão ter muito impacto”.
“Não conseguimos fechar mais tarde porque não temos pessoal para trabalhar. A verdade é essa. Antes da pandemia, fechávamos à 01:00. Se houvesse pessoal para trabalhar, voltávamos a fechar à 01:00. O problema é que não há gente para trabalhar”, realçou.
Antes da pandemia da covid-19, a Tasca abriu um novo espaço, ao lado do restaurante, dedicado a ‘snacks’ e “comida de rua”. Um espaço que ainda não reabriu por “falta de mão-de-obra”.
“Penso que o pior já passou, a não ser que apareça uma qualquer outra variante. Agora há turismo, podemos abrir, mas só que não temos pessoal para trabalhar”, assinalou.
Nos Açores, 61,6% da população (145.691 pessoas) tem a vacinação completa contra a covid-19, de acordo com a informação divulgada pela Autoridade de Saúde Regional, que reuniu dados até segunda-feira.
O arquipélago regista presentemente 544 casos positivos ativos, sendo 428 em São Miguel, 73 na Terceira, 24 no Faial, oito em Santa Maria, seis no Pico e cinco em São Jorge.
Desde o início da pandemia foram diagnosticados nos Açores 8.122 casos positivos de covid-19.
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