Na época festiva do Natal uma prenda tornou-se viral, nomeadamente os seis garrafões de azeite que uma avó deu ao neto. O azeite é, aliás, um dos principais temas de conversa na sociedade portuguesa, sobretudo devido ao elevado valor do litro, que chegou aos 10 euros. O Instituto Nacional de Estatística (INE) estima mesmo que o preço aumentou mais de 90% em 2023 e a Europa grita de peito bem aberto que não há azeite nas prateleiras e o que há é caríssimo.
Quais as razões para esta subida vertiginosa? O SAPO24 foi à procura de respostas.
"O aumento do preço do azeite deve-se à quebra de produção do maior produtor mundial (Espanha) que tinha campanhas médias de 1,2 milhões a 1,5 milhões de toneladas e teve uma campanha passada com cerca de 664.033 toneladas e espera uma campanha 2023/24 com 765.362 toneladas. Esta quebra de produção deve-se à seca extrema e às elevadas temperaturas durante a floração.
A quebra de produção em Espanha desequilibrou o mercado porque a procura começou a superar a oferta e os stocks disponíveis diminuíram muito levando à subida do preço do azeite. Paralelamente convém não esquecer que os custos de produção têm subido muito e o preço do azeite não estava a refletir essa realidade", começou por revelar ao SAPO 24 a Fenazeites (Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Olivicultores).
"A quebra de produção em Espanha desequilibrou o mercado porque a procura começou a superar a oferta e os stocks disponíveis diminuíram muito levando à subida do preço do azeite"Fenazeites
E se as notícias não são presentemente animadoras, a verdade é que a Federação espera que este cenário se mantenha num futuro próximo.
"Enquanto não voltar a existir um equilíbrio entre a oferta e a procura, ou seja, enquanto não existirem stocks suficientes de azeite é difícil baixar o preço do azeite", referem, salientando depois que, ainda assim, o azeite foi dos últimos produtos a aumentar desde o início da guerra na Ucrânia.
"Os preços da produção agrícola têm subido muito pelo aumento dos fatores de produção nomeadamente desde a guerra na Ucrânia. O azeite foi um dos últimos produtos a acompanhar esta subida", revela a Fenazeites, referindo que em Portugal os dados oficiais apontam para "um aumento de 20% na apanha de azeitona".
Este fruto, aliás, tem sido também ele muito apetecível para ladrões. Algo comum na vizinha Espanha, o roubo de azeitonas, mas que tem alastrado para solo português.
"Não consigo pensar numa acção governativa que travasse o mercado"
"Esta situação já existia mas este ano aumentou bastante devido ao aumento do preço do azeite", dizem, temendo também que o consumo de azeite baixe na realidade da dieta portuguesa.
"O consumo de azeite tem vindo a diminuir nos principais países produtores fruto da mudança do tipo de vida em que se privilegiam as refeições fora de casa. Este aumento no preço do azeite associado à crise económica vai ter reflexos no consumo", confessa a Fenazeites que não vê também como o Governo possa ajudar neste capítulo dos preços do azeite.
"Ele é determinado pelo mercado. Portugal teve um grande aumento de produção nos últimos anos, mas continua a ser um player menor no mercado internacional de azeite e está condicionado pelos preços em Espanha, que é o maior produtor mundial. Não consigo pensar numa acção governativa que travasse o mercado", concluíram.
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