Os bons-samaritanos podem surgir em qualquer lado. Neste caso, foi em Blackhall Colliery, uma pequena vila mineira do condado de Durham, localizada na costa do nordeste inglês, a meio caminho entre as cidades de Middlesbrough e Sunderland.
Segundo o The Guardian, já foram ao encontrados ao todo 13 pacotes em variados locais concentrados no centro desta localidade, totalizando 26 mil libras (perto de 30 mil euros), numa prática que terá começado em 2014. O mais recente achado deu-se na passada segunda-feira, um pacote com 100 notas de 20 libras (2.000 libras, ou seja, aproximadamente 2.333 euros), sendo o quatro caso ocorrido neste ano.
O mistério que assola esta pequena vila de 4.785 habitantes (de acordo com os censos ingleses de 2011) continua sem resolução. Os detetives encarregados do caso já conduziram várias entrevistas, investigaram o banco e o posto dos correios locais e até verificaram as notas encontradas nos pacotes para encontrar impressões digitais, mas até agora não há solução à vista.
É dada a natureza aparentemente insolucionável destes atos que o detetive policial John Forster, conta o diário britânico, se tem dedicado a fazer investigações fora do seu horário de trabalho.
Uma das teorias que circula é de que se trata de ganhos de um possível traficante de droga local. Contudo, Forster duvida desta possibilidade, dada a cautela que diz ser costumeira entre os criminosos quanto ao seu dinheiro. Ao invés, na sua opinião, espera que seja “algum tipo de benfeitor intencional que está a demonstrar bondade quanto à vila”. “Eu prefiro que seja isso do que seja causado por alguém vulnerável ou que esteja conectado à criminalidade”, confessou ao The Guardian.
De “um milionário secreto” a alguém que “está a ser perseguido e que tem demasiado dinheiro”, Blackhall Colliery tem estado a borbulhar de rumores quanto à proveniência dos pacotes. Uma das residentes acredita que se trata de alguém "que está a tentar fazer algo bom" e que talvez "tenha vivido na vila durante a sua vida e não tenha família", podendo ser "um Pai Natal de Blackhall misterioso". Outras das pessoas entrevistadas diz que “do mais novo ao mais velho, toda a gente está a falar sobre isto. Está em toda a vila. As pessoas têm as suas próprias teorias. Isto vai mantê-las ocupadas durante algum tempo”.
Mas o possível benfeitor não será a única pessoa merecedora de elogios. Forster diz ser de louvar a honestidade das 13 pessoas que encontraram os pacotes e que os devolveram à polícia. Num dos casos, o detetive disse que quem foi entregar o dinheiro foi uma “senhora idosa que estava a tremer” porque provavelmente “nunca tinha entrado numa esquadra antes”.
A abnegação de quem tem devolvido o dinheiro é de ter especialmente em conta dadas as dificuldades pelas quais a população de Blackhall Colliery tem passado desde que a mina que lhe dá nome (“Colliery” significa “mina de carvão” em inglês) fechou em 1981.
Neste momento, a vila tem níveis de desemprego no triplo da média nacional, sendo que uma em cada 10 pessoas está sem emprego e quase uma em cada três está classificada enquanto “economicamente inativa”, na sua maioria parada por invalidez ou reforma. É por isso que uma das residentes entrevistadas disse ser "reconfortante" saber que os seus "vizinhos têm tanta honestidade e integridade".
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