BE diz que o acordo alcançado na concertação social é sinónimo de empobrecimento
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) afirmou hoje que o acordo alcançado na concertação social é sinónimo de "empobrecimento" porque os patrões são apoiados e os salários reais não aumentam.
“O acordo hoje assinado dá duas garantias: os patrões são apoiados, mas os salários reais não aumentam, a isto chama-se empobrecimento”, escreve Catarina Martins numa curta mensagem publicada na rede social `Twitter´.
Para a bloquista, os “patrões do patrão aplaudem e a UGT [União Geral de Trabalhadores] assina por baixo como há dez anos assinou o acordo de Passos Coelho [ex-primeiro-ministro eleito pelo PSD]”.
PCP considera acordo “mais do mesmo” para os trabalhadores porque não valoriza salários
O PCP defendeu hoje que o acordo alcançado na concertação social para os trabalhadores é “mais do mesmo” porque não há valorização dos salários, mas empobrecimento “uma vez mais” e “prolongamento da perda do poder de compra”.
“Se retirarmos o aparato da apresentação e os enfeites e olharmos para aquilo que, de facto, resulta do acordo para quem trabalha e para os trabalhadores é mais do mesmo”, afirmou a deputada Alma Rivera, numa mensagem vídeo enviada às redações.
Na opinião da parlamentar comunista, o acordo “não toca nas normas gravosas” da legislação laboral, nem valoriza os salários.
Acrescentando que “há empobrecimento uma vez mais, prolonga-se a perda do poder de compra uma vez que o que é anunciado nem sequer compensa a inflação e basta ver que com a inflação que é apontada os trabalhadores ficam com menor poder de compra do que aquele que tinham em 2021”.
Já sobre o salário mínimo, Alma Rivera entendeu que o aumento continua “abaixo de níveis” que permitam sobreviver em Portugal, classificando a medida como “mais uma promessa eleitoral do PS que não se verifica”.
Contudo, a deputada realçou que não “ficam todos mais pobres” porque para compensar estes aumentos “insuficientes” para os trabalhadores, as grandes empresas e grupos económicos “obtém benefícios para aumentar os lucros”.
“Uma vez mais, o Governo dá borlas a estes grupos e abdica de receita que faz falta à saúde, educação e reformas, tudo para não beliscar os lucros de quem mais tem”, vincou.
Para a comunista, mantém-se a acumulação dos que mais têm e o empobrecimento dos que trabalham.
PS diz que acordo de médio prazo é “histórico” e “muito positivo” e para o país
O Partido Socialista classificou como “muito positivo” para o país o acordo “histórico”, alcançado na concertação social e assinado hoje, defendendo que se traduzirá na “valorização dos rendimentos” e no “reforço das condições de competitividade” das empresas.
“O PS saúda o Governo e os parceiros sociais por terem hoje assinado o Acordo de Médio Prazo de Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade. Mais do que um compromisso eleitoral cumprido, este é um acordo histórico que, na prática, se traduzirá na valorização dos rendimentos e no reforço das condições de competitividade das empresas nacionais”, afirmou o PS em comunicado.
O partido acrescentou que, “com determinação, competência e sentido de futuro, esta solução garante previsibilidade num horizonte temporal até 2026, definindo, assim, um conjunto de objetivos e metas comuns que visam melhorar, simultaneamente, os rendimentos dos trabalhadores e a competitividade da economia nacional”.
“À estabilidade política alcançada em janeiro, acrescenta-se, agora, com vantagens inegáveis para o país, estabilidade quanto a um conjunto de domínios essenciais para os próximos quatro anos”, afirmou o secretário-geral adjunto do PS, João Torres, citado no comunicado.
Para o dirigente socialista, o “sucesso deste acordo permite, ainda, concluir que, mesmo com uma maioria absoluta, o Governo da responsabilidade do PS não dispensa o diálogo social e político com vista a construir o mais amplo consenso sobre as matérias que são indispensáveis para o futuro nacional”.
“É nesta maioria de diálogo, que não se furta às suas responsabilidades, e que é construtora de consensos e de soluções, que o país confia para responder aos exigentes desafios do presente e para construir o futuro de Portugal”, acrescentou João Torres.
O Partido Socialista fez também questão de reconhecer o “trabalho desenvolvido pelos parceiros sociais subscritores do acordo alcançado”.
“O PS saúda todos os parceiros sociais que se empenharam, conjuntamente com o Governo, para que este acordo fosse possível, num processo de aproximação e abertura. É com este esforço coletivo para colocar em primeiro lugar o interesse nacional que o país pode avançar e responder positivamente às dificuldades que a atual conjuntura internacional apresenta”, salientou o dirigente socialista.
Chega considera acordo sobre rendimentos “frágil, insuficiente e muito aquém” do esperado
O presidente do Chega considerou hoje o acordo alcançado na concertação social “frágil, insuficiente e muito aquém” do que era esperado no atual momento de crise e do que está a ser feito no resto da Europa.
“É um acordo frágil, insuficiente e muito aquém daquilo que na maioria dos países da Europa tem sido conseguido alcançar este ano”, afirmou André Ventura numa mensagem em vídeo enviada aos jornalistas.
Na sua opinião, este acordo é “mais um grande fracasso de António Costa e do Governo PS em matéria de promoção e concertação social”.
“Acordo que é apenas dos parceiros do PS e daqueles a quem o PS conseguiu fazer pressão para não inviabilizarem esta negociação”, entendeu.
Para o líder do Chega, o acordo de médio prazo sobre rendimentos, salários e competitividade, hoje assinado, em Lisboa, fica ainda “muito aquém” do que seria de esperar no atual momento de crise, em particular, defendeu, no salário mínimo, no aumento do aumento do salário médio no setor privado e em matéria de energia.
A assinatura do acordo
O acordo de médio prazo para a melhoria de rendimentos, salários e competitividade foi assinado hoje em Lisboa pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelos representantes da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) e da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) assinou o documento antes da cerimónia, enquanto a CGTP recusou formalizar o acordo, alegando que as medidas previstas são “insuficientes” para responder aos problemas dos trabalhadores, reformados e pensionistas.
Os parceiros sociais saudaram o acordo de concertação social alcançado com o Governo, mas alertaram que esse compromisso constitui um ponto de partida, face à imprevisibilidade da conjuntura nos próximos anos.
Por seu lado, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu que o Acordo de Médio Prazo assinado com os parceiros sociais é da maior importância política e um marco de confiança, salientando que irá beneficiar famílias e empresas e será permanentemente monitorizado.
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