Numa resposta por correio eletrónico a questões colocadas pela agência Lusa, a IGAS indicou ter instaurado este ano um processo de inquérito e outro de inspeção ao Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE).
Estes dois processos resultaram das queixas por negligência médica, cujo número não foi divulgado, recebidas na IGAS, desde o início deste ano, em que é visado o Serviço de Obstetrícia e Ginecologia da unidade hospitalar, referiu.
O processo de inquérito foi instaurado por despacho do Inspetor-Geral da IGAS, no dia 06 de junho deste ano, para averiguação dos factos relacionados com a assistência médica prestada no parto a uma utente no HESE, pode ler-se na resposta enviada à Lusa.
Já o processo de inspeção, igualmente aberto por iniciativa do Inspetor-Geral da IGAS, no passado dia 21 de outubro, surgiu na sequência de notícias relacionadas com o acompanhamento da gravidez de uma utente que deu à luz um nado-morto no HESE, adiantou.
Neste caso, explicou o organismo, o processo destina-se a verificar a qualidade dos serviços prestados durante a gestação e o parto da utente.
Também contactada pela Lusa, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) disse, por correio eletrónico, no dia 04 deste mês, ter tomado conhecimento, durante este ano, de quatro reclamações relacionadas com as valências de Ginecologia e Obstetrícia do HESE.
“Apenas uma destas foi, até ao momento, encaminhada para a instituição que se considerou ter incumbências específicas nesta matéria, designadamente a Ordem dos Médicos (OM)”, sublinhou o regulador.
A ERS esclareceu que o seu Sistema de Gestão de Reclamações (SGREC) apenas “permite a pesquisa de informação por indicadores mais latos”, pelo que estas reclamações podem ou não envolver casos de negligência médica.
Este ano foi também “instaurado um processo administrativo de inquérito que abrange, além de outras temáticas, questões referentes à qualidade dos cuidados de saúde prestados no Serviço de Obstetrícia do hospital de Évora”, acrescentou.
A Lusa questionou as duas entidades, no dia 31 deste mês, devido a notícias em vários órgãos de comunicação social sobre casos de alegada negligência médica no Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do HESE.
Um dos casos, também noticiado pela Lusa, respeitava a uma mulher que deu à luz uma bebé morta, no dia 27 de setembro deste ano, no hospital de Évora, cuja família acusou a unidade de negligência médica.
Segundo uma familiar da mulher, o relatório provisório da autópsia ao corpo da bebé indicou que a gravidez foi “mal vigiada” e que os órgãos do feto correspondiam a um período “entre 27 a 28 semanas” quando já tinha 35 semanas de gestação.
Na altura, o HESE referiu que a utente, ao longo da gravidez, “recorreu duas vezes ao Serviço de Urgência, em junho e julho”, sendo que, na primeira vez, “não respondeu à chamada” e, na segunda, foram “prestados os cuidados adequados”.
A unidade hospitalar frisou que, no caso desta mulher, “as consultas e exames decorreram nos prazos previstos” e que, no terceiro trimestre de gravidez, “foi novamente encaminhada para a consulta hospitalar, que se realizou em agosto”.
“A gravidez da utente foi considerada de baixo risco. Nestes casos, está preconizado que o centro de saúde deve encaminhar as grávidas para uma consulta de primeiro trimestre, onde são solicitadas a ecografia de primeiro trimestre e a ecografia morfológica”, notou.
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