A diretora-geral do Património Cultural, Paula Silva, disse aos jornalistas que foi lançado um concurso no valor de 1,4 milhões de euros para recuperar os três armazéns da antiga fábrica do tabaco, em Xabregas, próximos do Museu do Azulejo, em Lisboa, com o intuito de transferir para aí o património subaquático.
"É um projeto muitíssimo importante para resolver um problema que se arrasta há vários anos", justificou Paula Silva, acrescentando que esse património está até agora "armazenado no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa em condições não muito apropriadas", estando previsto para junho a conclusão das obras.
Em outubro, os arqueólogos reunidos em Lisboa, relativamente ao "importantíssimo espólio à guarda do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática" (CNANS), exigiram que a tutela tomasse medidas "para a criação/reposição de todas as condições" adequadas à conservação deste património.
A DGPC adiantou que parte da verba é também destinada às novas instalações para o Laboratório de Arqueociências que, com a construção do Museu dos Coches, foi transferido para instalações provisórias e vai ser instalado num edifício nas traseiras do Palácio da Ajuda.
Do orçamento da DGPC constam também os 3,4 milhões de euros previstos para a criação de um museu ligado à resistência ao fascismo, na Fortaleza de Peniche, que conta com financiamento comunitário.
Paula Silva disse que se mantém a intenção de lançar o concurso público até ao final do ano, depois de a DGPC já ter lançado outro, no valor de 900 mil euros, para requalificar a cobertura exterior dos edifícios do forte, muito degradada pela proximidade do mar.
A DGPC pode contar com 18,4 milhões de receitas gerais, mais 1,7 milhões do que em 2017, num total de receita prevista de 40,8 milhões, no âmbito do Orçamento do Estado para 2017, do Ministério da Cultura.
Sobre a criação de um instituto para gerir museus e monumentos, anunciado na quarta-feira pelo ministro Luís Filipe Castro Mendes, Paula Silva lembrou que já estava previsto no programa do Governo, e que a DGPC "está completamente disponível para trabalhar" na sua criação.
A responsável admitiu que a DGPC congrega "muitos serviços", que poderiam ser desconcentrados, como já aconteceu.
A DGPC falava à margem da pré-inauguração do restauro da Sala do Trono do Palácio de Mafra.
Paula Silva anunciou que a talha da Igreja de Santa Clara, no Porto, fechada ao público por estar "infestada de térmitas", "numa situação muito gravosa há alguns anos", vai ser restaurada.
"A talha, por ser uma das joias do barroco, merece ser restaurada", sublinhou.
Para o efeito a DGPC vai no sábado estabelecer um protocolo com vários mecenas que vão financiar a intervenção, um dos quais a Fundação Millenium BCP.
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