Os trabalhos estão concluídos em 52 habitações permanentes neste município do distrito de Coimbra, de um total de 126 pedidos de apoio aprovados pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC).
No espaço “Reerguer dos incêndios” da página da internet da CCDRC, verifica-se que 68 empreitadas estão a decorrer.
Contempladas pelo Programa de Apoio à Reconstrução de Habitação Permanente (PARHP), oito projetos não estão em execução, de acordo com a última atualização dos dados, de dia 11.
Dos cerca de 30 concelhos da região atingidos pelos fogos de 15 e 16 de outubro de 2017, em que pereceram 50 pessoas, Oliveira do Hospital, com 13 óbitos, foi o que registou maior número de vítimas mortais, tendo as chamas atingido quase todo o território.
Há uma semana, o município presidido por José Carlos Alexandrino agraciou com a medalha de ouro a presidente da CCDRC pelo seu papel na reconstrução, depois de o vizinho concelho de Tábua ter concedido, em abril, idêntico tributo a Ana Abrunhosa.
Em Oliveira do Hospital, foram aprovados 74 projetos para relançar empresas destruídas total ou parcialmente, envolvendo quase nove milhões de euros de apoio público. Está em causa a preservação de 630 empregos.
É o caso de uma carpintaria reconstruída com um investimento de 1,5 milhões de euros, iniciativa do empresário Fernando Brito, de 74 anos, também distinguido pela autarquia ao lado de Ana Abrunhosa.
A plantação de 4.000 árvores por voluntários foi a forma escolhida pela Câmara de Mira para assinalar a passagem de um ano sobre os incêndios, que atingiram 60% da área florestal do concelho.
“É uma iniciativa que contribui para a reflorestação do nosso concelho, duramente atingido em outubro do ano passado. Mas tem também um lado simbólico, porque representa o esforço de uma população que enfrentou uma terrível tragédia com coragem e que tudo tem feito para regressar à normalidade”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara, Raul Almeida.
As estimativas apontam para mais de 30 milhões de euros de prejuízos em unidades fabris e explorações agrícolas.
“Há ainda postos de trabalho em risco, mas a maioria das empresas conseguiu continuar a trabalhar”, referiu um empresário do Seixo de Mira.
Em Mira, não houve vítimas mortais e o número de casas destruídas foi muito baixo. Num concelho com pouco mais de 12 mil habitantes, quem mais sofreu foram as zonas florestais e a indústria.
A limpeza de matas, a reflorestação e a reparação de sinalética e estruturas turísticas de apoio foram este ano as prioridades da Câmara.
A autarquia está a investir mais de um milhão de euros na reposição de estruturas e sinalética nos percursos pedestres e gastou 250 mil euros em máquinas de rasto e equipamento para os bombeiros.
Na zona industrial, vai construir uma nova variante, para melhorar a circulação de viaturas e mercadorias.
“Vamos demorar anos a recuperar, mas estamos no bom caminho”, afirmou Raul Almeida.
Em Cantanhede, o incêndio de há um ano destruiu quase seis mil hectares de floresta e provocou 222 mil euros de prejuízo em equipamentos.
Em abril, uma propriedade de 12 hectares, da Junta de Freguesia da Tocha, foi reflorestada com pinheiro-manso, estando prevista a plantação de 8.000 árvores desta espécie entre aquela localidade e a Praia da Tocha.
A Câmara de Cantanhede recebeu 17 candidaturas aos apoios do PARHP, ainda em análise conjunta com a CCDRC.
O concelho da Figueira da Foz foi atingido por dois incêndios em 15 de outubro, nas freguesias de Paião e Alqueidão e na Mata Nacional de Quiaios, que não afetaram casas ou equipamentos municipais.
A Câmara recebeu quase 150 mil euros do PDR 2020 e da Agência Portuguesa do Ambiente, para a “estabilização de emergência pós-incêndio florestal em Quiaios”, com intervenção na zona florestal e linhas de água afetadas, já em execução, e para a regularização da Vala da Lavadia.
A pedido da autarquia, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas “está a preparar um plano de florestação na envolvência da Lagoa da Vela para uma área considerável, que permitirá plantar cerca de 75 mil árvores”.
Está a decorrer um estudo para a reabilitação da Lagoa da Vela, cuja faixa ocidental foi bastante afetada pelo incêndio.
Na Pampilhosa da Serra, um dos concelhos do distrito de Coimbra mais flagelados pelos fogos e pela desertificação, desde o século XX, a recuperação de segundas casas é agora uma das maiores preocupações da Câmara, presidida por José Brito.
Em setembro, a Assembleia Municipal aprovou o regulamento que viabiliza o apoio à sua reconstrução.
Mais de 600 habitações do concelho, 78 das quais permanentes, foram atingidas há um ano pelo incêndio.
Cinquenta e nove foram contempladas com apoios do Estado para orçamentos inferiores a 25 mil euros.
Destas, “metade estão concluídas”, havendo 19 empreitadas com custos acima dos 25 mil euros que estão adjudicadas, disse à Lusa o presidente da autarquia, José Brito. As infraestruturas municipais “já estão todas repostas”.
Entretanto, foram entregues às famílias duas casas reconstruídas pela Federação Portuguesa de Futebol.
O estádio de futebol do Grupo Desportivo Pampilhosense sofreu danos avultados, mas foi reparado e vai reabrir na próxima semana.
Na Lousã, há obras em curso ou para começar, a cargo da CCDRC, em três imóveis de primeira habitação, no valor global de 213.263 euros, incluindo IVA.
Noutra casa, segundo o município liderado por Luís Antunes, decorrem obras de montante inferior a 5.000 euros.
Neste concelho, onde começou o incêndio de 15 de outubro, 10 empresas beneficiaram de 1.274.271 euros de ajudas do Estado, para um total de 1.574.458 euros de despesas elegíveis.
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