A OMS, que designa aquela doença como Mpox, afirmou ter recebido relatos de casos em 26 países durante o último mês.
A Mpox “continua a ser uma ameaça para a saúde mundial”, declarou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa conferência de imprensa.
A África do Sul registou recentemente 20 casos, incluindo três mortes, “os primeiros casos no país desde 2022”.
Nenhum dos doentes tinha viajado para o estrangeiro, “o que sugere que os casos confirmados representam uma pequena percentagem do total de casos e que a transmissão comunitária está em curso”, sublinhou.
A situação na RDCongo, onde uma nova estirpe do vírus se tem vindo a propagar desde setembro, é particularmente alarmante.
Esta epidemia “não dá sinais de abrandamento”, acrescentou Tedros, enquanto Rosamund Lewis, especialista da OMS em “varíola dos macacos”, sublinhou que a organização está “muito preocupada” após terem sido notificados 11 mil casos, incluindo 445 mortes, sendo as crianças as mais afetadas.
“Existe o risco de o vírus atravessar as fronteiras e continuar a circular, porque as fronteiras são muito porosas com os países vizinhos”, afirmou Lewis.
A Mpox foi descoberta pela primeira vez em seres humanos em 1970, na atual RDCongo, com a propagação do subtipo Clade 1, que desde então tem estado confinado principalmente a países da África Ocidental e Central, sendo os doentes geralmente alvo de contágio por animais infetados, por exemplo, ao comerem carne de animais selvagens.
Mas em maio de 2022, surgiram infeções pelo vírus Mpox em todo o mundo, afetando principalmente homens homossexuais e bissexuais.
O subtipo responsável era o Clade II.
Desde setembro último, uma nova estirpe do Clade, ainda mais mortal, tem vindo a propagar-se na RDCongo, sendo também transmitida através do contacto sexual entre homossexuais, tendo a epidemia começado entre as pessoas que se prostituem.
Os testes revelaram que se tratava de uma nova variante, resultado de uma mutação, da Clade I, denominada Clade Ib.
“A nova estirpe é transmitida (…) até agora exclusivamente de pessoa para pessoa”, afirmou Rosamund Lewis.
A epidemia mundial de “varíola dos macacos”, há dois anos, levou a OMS a declarar uma emergência de saúde pública de âmbito internacional em julho de 2022.
A OMS terminou este estado de alerta, o mais elevado da organização, em maio de 2023, mas continua a recomendar vigilância.
A varíola dos macacos “não vai desaparecer (…) vivemos num mundo interligado e a propagação deste vírus pode continuar”, alertou Maria Van Kerkhove, diretora de preparação para epidemias da OMS.
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