Depois do resgate, as quatro crianças indígenas que estavam desaparecidas na selva amazónica colombiana continuam em recuperação no hospital. Mas as duas mais velhas já estão suficientemente recuperadas para voltar a pegar nos lápis de cor — e usar os dotes artísticos para alertar para o desaparecimento de Wilson, um pastor belga envolvido na operação de resgate.
Segundo o The Guardian, fotografias divulgadas pelas forças armadas da Colômbia mostram os desenhos das crianças, onde uma figura de quatro patas ganha destaque: o cão que ajudou os socorristas e que continua desaparecido na selva.
Um dos desenhos, assinado por Lesly — a menina de 13 anos a quem se atribui o mérito de ter mantido os irmãos vivos graças ao seu conhecimento da selva — mostra Wilson entre árvores e um rio. O segundo, assinado por Soleiny, de nove anos, mostra o cão junto a uma grande flor, o sol e a bandeira da Colômbia. E as crianças confirmam mesmo ter visto o animal junto delas.
Wilson, um dos 10 cães envolvidos na operação de resgate, foi visto pela última vez na quinta-feira, um dia antes de encontrarem crianças. "Estava a cerca de 40 metros de distância e tentámos chamá-lo", disse Carlos Villegas, um dos treinadores de cães, ao El Tiempo. "O meu companheiro aproximou-se dele, tentou brincar com ele para agarrá-lo, mas fugiu."
Acredita-se que o pastor belga, de seis anos de idade, pode ter ficado desorientado na folhagem espessa ou que o encontro com um predador perigoso pode ter causado uma mudança no seu comportamento normal.
As quatro crianças, com 11 meses, 4, 9 e 13 anos, estavam desaparecidas na selva amazónica colombiana desde 1 de maio, após a queda de um avião, e foram encontradas na sexta-feira pela equipa que participava nas buscas, que incluiu militares e indígenas.
Os menores viajavam com a mãe e outro acompanhante numa pequena aeronave, um Cessna 206, que desapareceu dos radares a 1 de maio, nas imediações de San José del Guaviare, no sul da Colômbia, para onde se dirigia.
A aeronave foi encontrada a 8 de maio na vertical, com a zona frontal contra o chão, entre uma vegetação densa.
Os meios de salvamento recuperaram três corpos: o do piloto, o da mãe das crianças e o de um dirigente da comunidade indígena Uitoto.
A esperança de que as crianças pudessem ser encontradas com vida foi alimentada pela descoberta, na selva, de objetos pessoais, assim como de fruta parcialmente comida e de um biberão.
A descoberta de um abrigo improvisado, feito de paus e ramos, manteve os socorristas com esperança de que pudesse haver sobreviventes.
A selva é muito densa e perigosa nesta zona particularmente remota e as buscas são dificultadas pela presença de animais selvagens, árvores até 40 metros de altura e chuva intensa.
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