A HRW defendeu que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos deve publicar uma atualização sobre a situação na região de Xinjiang, no leste da China, e “apresentar um plano de ação concreto para punir os responsáveis” pela repressão contra os uigures, uma minoria muçulmana.
Num comunicado divulgado na terça-feira, a organização acrescentou que os estados membros da ONU têm também a responsabilidade de acompanhar “as graves conclusões” de um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
O documento, divulgado em agosto de 2022, detalhava numerosas violações em Xinjiang, e mencionava possíveis “crimes contra a humanidade”. Pequim rejeitou categoricamente as conclusões do relatório.
Desde uma tentativa falhada de colocar a situação em Xinjiang na agenda do Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2022, os estados membros da ONU pouco têm feito para proteger os uigures e outras minorias, lamentou a HRW.
A organização defendeu que a comunidade internacional deveria exigir ao Alto Comissário da ONU, na próxima sessão do Conselho dos Direitos Humanos, que terá início a 09 de setembro, uma atualização sobre Xinjiang e recomendações concretas.
Em última análise, deveria ser aberto um inquérito sobre os “graves abusos” em toda a China, algo recomendado por “mais de 50 peritos da ONU e centenas de grupos de direitos humanos em todo o mundo”, sublinhou a HRW.
Horas antes, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos revelou que tem colaborado com Pequim e pôde mesmo enviar uma equipa à China, manifestando-se confiante de possíveis “progressos tangíveis” em matéria de direitos humanos no país.
“Em particular, no que se refere a Xinjiang, sabemos que continuam em vigor muitas leis e políticas problemáticas, e voltámos a apelar às autoridades para que procedam a uma revisão completa, do ponto de vista dos direitos humanos, do quadro jurídico que rege a segurança nacional e a luta contra o terrorismo, e para que reforcem a proteção das minorias contra a discriminação”, disse a porta-voz do Alto Comissariado, Ravina Shamdasani.
A comunidade uigur é distinta do grupo étnico maioritário na China, os chineses han, e constitui pouco menos de metade dos 25 milhões de pessoas que vivem em Xinjiang, uma vasta região semidesértica que faz fronteira com o Afeganistão e o Paquistão.
A China tem sido acusada de ter lançado uma política de vigilância máxima e de concentrar minorias étnicas chinesas de origem muçulmana em campos de doutrinação e reeducação em Xinjiang.
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