Uma pessoa morreu esfaqueada e quatro ficaram feridas na madrugada de 2 de junho em Fátima, após confrontos na via pública entre dezenas de jovens timorenses, alegadamente pertencentes a dois grupos de artes marciais.

A Polícia Judiciária enviou hoje em comunicado os resultados de uma operação decorrida esta quinta-feira, 13 de junho, "para cumprimento de mandados de busca e de dois mandados de detenção, por suspeita dos crimes de homicídio qualificado, detenção de armas proibidas e participação em rixa, na sequência dos acontecimentos ocorridos na madrugada do dia 2 de junho, na cidade de Fátima".

Segundo as estimativas da PJ, a luta entre os dois grupos terá envolvido "a intervenção de dezenas de elementos, todos do sexo masculino, utilizando armas brancas, barras de ferro, bastões e outros instrumentos de agressão". "Das agressões resultou a morte de um homem, de 26 anos, e, pelo menos, cinco feridos, com idades compreendidas entre 22 e 27", explicitam as autoridades

Denominada "Operação Thémis", esta investigação — encabeçada pelo Departamento de Leiria da Policia Judiciária e com o apoio de elementos da Diretoria do Centro, da Unidade de Armamento e Segurança e de peritos de Polícia Científica — resultou em "buscas domiciliárias" tendo sido "detidos dois suspeitos, relacionados com o homicídio".

"Foram constituídos arguidos mais 13 homens, além dos dois detidos, indiciados pelo crime de participação em rixa, procedendo-se aos respetivos interrogatórios e aplicação de termo de identidade e residência. Foi possível a recolha de elementos indiciários relevantes, bem como foram formalizados vários depoimentos e testemunhos, relacionados com a situação", informa a PJ.

As autoridades indicam ainda que os detidos "serão presentes à autoridade judiciária para primeiro interrogatório e aplicação das medidas de coação".

Este caso de violência levou várias instâncias políticas e religiosas de Timor-Leste a pronunciarem-se. O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, pediu desculpa aos portugueses pelos incidentes registados em Fátima e pediu que a justiça “seja dura” com os responsáveis pelo homicídio. Já o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, pediu aos jovens da diáspora timorense que deixem de praticar as “ditas” artes marciais e rituais. Em novembro passado, o Governo timorense suspendeu a aprendizagem e a prática das artes marciais, tendo em conta os graves incidentes registados no país.

Do lado português, a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, afirmou que os timorenses são “bem-vindos a Portugal” e adiantou que os confrontos registados em Fátima estão a ser tratados como “qualquer incidente que acontece”, independentemente da nacionalidade.