“O objetivo foi, mais uma vez, chamar a atenção. Somos contra a mina, porque vai destruir tudo isto que nós temos”, afirmou Armando Pinto, da Associação Montalegre Com Vida.
Os populares esperaram a secretária de Estado Isabel Ferreira na zona do antigo centro de formação do Barroso, onde se pretende construir um espaço de dinamização do Património Agrícola Mundial. Está prevista a construção de uma mina de lítio a céu aberto a uma distância de poucos quilómetros deste local.
Num dos edifícios em ruínas foi colocado um cartaz com a mensagem “Não à mina, sim à vida”, a mesma frase inscrita em outras tarjas e cartazes que seguravam na mão. Numa outra tarja podia ler-se “Morte do Barroso”.
Os opositores da mina ofereceram também um cabaz a Isabel Ferreira com os produtos que existem no território e que consideram ser a “sua verdadeira riqueza”, como a água de Carvalhelhos, o pão de centeio, mel, milho, batata e fumeiro.
“Representam a nossa verdadeira identidade. Somos Património Agrícola Mundial e queremos continuar a ser. É desta forma que queremos ser conhecidos e não como uma região de minas. É, mais uma vez, uma chamada de atenção para o nosso Governo”, salientou Armando Pinto.
O responsável frisou que o Património Agrícola Mundial, distinção atribuída a Montalegre e Boticas em 2018, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), “não é compatível” com a mina do Romano (Sepeda), que a empresa Lusorecursos tem prevista para a freguesia que agrega as aldeias de Morgade, Carvalhais e Rebordelo.
Na sua opinião, “há o risco real de perder o selo de Património Agrícola Mundial”.
“É impossível coabitar uma mina com o património mundial e com os nossos produtos”, sublinhou.
A governante foi ainda alertada para a importância “da água” para a atividade agrícola, um bem que poderá ficar comprometido com a atividade mineira.
A secretária de Estado recebeu o cabaz e garantiu “olhar para todos os territórios do Interior”.
Questionada pelos jornalistas sobre o alerta deixado pelos populares contra o projeto mineiro, Isabel Ferreira insistiu na mensagem “de valorização do território com base em recursos endógenos que possam ser explorados de forma sustentável e em parceria com os atores relevantes do território”.
“É preciso pensar a longo prazo o caminho que queremos seguir. Esse caminho é feito não só pelo Governo, mas certamente também pelas população e pelas autarquias e, todos juntos, é que temos que pensar que futuro é que queremos para os territórios”, salientou.
O presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, disse que não conhece o projeto mineiro, nem as suas implicações, mas salientou que “tudo isto tem que passar pelo filtro de muitas entidades nacionais e que é supervisionado ao minuto pelas associações ambientalistas”.
“Isso, naturalmente, tem que nos dar confiança. A nossa função aqui é zelar pelo território e pela preservação do território, mas não ignorando que, de facto, o mundo é dinâmico e as necessidades da economia renovam-se a todo o instante. (...) Tenho que louvar a persistência e a tenacidade desta associação que tem sabido colocar a questão no noticiário nacional”, afirmou o autarca.
O antigo centro de formação da Aldeia Nova, cujos edifícios estão abandonados há vários anos, vai acolher um centro de dinamização do Património Agricultura Mundial, um projeto que tem um investimento previsto de 900 mil euros e vai alvo de uma candidatura ao programa PROVERE.
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