O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos (OM), Paulo Simões, acompanhado pelo tesoureiro, Luís Campos Pinheiro, visitaram o Serviço de Cirurgia Geral, para avaliar as possibilidades de contributo para uma solução que contorne as dificuldades.
Em declarações à agência Lusa no final da visita, Paulo Simões afirmou que a OM está “muito preocupada” com a demissão dos especialistas, que deram um prazo até ao final deste mês, na sequência da reintegração de dois cirurgiões que tinham denunciado más práticas clínicas no início de 2023.
Paulo Simões adiantou que a OM tem acompanhado este serviço devido a “uma situação de conflito, na altura, entre o ex-diretor de serviço e uma parte do serviço”.
“Na altura, o conselho de administração conseguiu, e muito bem, arranjar uma solução que, no fundo, foi uma mobilidade dos dois elementos que estavam em conflito com os restantes elementos do serviço, levando-os para outro hospital por acordo entre as partes”, uma solução permitiu que o serviço “tivesse crescido de uma forma muito satisfatória”.
“O atual diretor de serviço conseguiu criar as unidades funcionais que pretendia (…) e tudo estava a correr muito bem, até que há uma informação de que os dois elementos que tinham saído em conflito estavam com intenções de regressar ao serviço”, o que criou “uma situação de grande desconforto” e levou cerca de metade dos cirurgiões do serviço a apresentarem demissão.
Ressalvando que a OM não tem capacidade de gestão nem decisão, Paulo Simões observou que existe “um problema de gestão, provavelmente, com algum âmbito jurídico ou legal, que convinha que fosse acautelado”.
“A minha preocupação é, daqui a uns meses, estar a assistir a uma situação de um serviço sem capacidade de resposta de urgência”, afirmou, alertando ainda para o risco de se pôr em causa a idoneidade formativa do serviço.
Do que resultou da reunião, Paulo Simões disse que foi o conselho de administração ter afirmado “a inevitabilidade de receber estes médicos no serviço”, porque têm contrato de trabalho, e manifestado a intenção de dividir o serviço em dois”, uma solução que considera que não será bem acolhida pelos médicos, nem pelo diretor do serviço, “que entende que pode ser uma solução transitória, mas, obviamente, não é a solução”.
Contactado pela Lusa, o conselho de administração da ULS Amadora-Sintra adiantou que os dois especialistas em cirurgia geral regressaram na passada terça-feira, uma vez que pertencem ao mapa de pessoal.
Segundo a ULS, foram nove os médicos que apresentaram carta de denúncia de contrato de trabalho, admitindo que a sua eventual saída “levará a uma necessária reorganização das áreas assistenciais”.
O Conselho de Administração realça que está a acompanhar esta situação “em proximidade” com a Direção do Serviço de Cirurgia Geral, que apresentou ao Conselho de Administração e aos médicos do serviço um conjunto de medidas, no sentido de assegurar a melhor solução, para salvaguarda dos interesses da instituição e dos utentes.
De acordo com Paulo Simões, a intenção da OM é, sobretudo, tentar encontrar “uma solução de consenso que parece não existir e que deriva”, segundo o que foi transmitido à ordem, “de anos e anos de 'bullying' e de assédio moral e profissional que muitos destes médicos sofreram pelo ex-diretor”.
Lembrou, inclusive, que há um processo a decorrer na OM, em conselho de disciplina, que foi colocado por profissionais do serviço contra o ex-diretor, mas que ainda não tem decisão.
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