O comércio mundial de mercadorias registará um crescimento modesto em 2024 e 2025, apesar dos riscos devido ao conflito no Médio Oriente, anunciou hoje a Organização Mundial do Comércio (OMC).
"Esperamos uma recuperação gradual do comércio mundial em 2024, mas seguimos vigilantes ante possíveis contratempos, em especial a possível escalada de conflitos regionais como os do Médio Oriente, declarou a diretora da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, num comunicado.
"O impacto poderia ser especialmente severo para os países diretamente envolvidos, mas também poderia afetar indiretamente o custo mundial da energia e as rotas marítimas", acrescentou.
O comércio mundial de bens caiu 1,1% em 2023, atingido pela inflação elevada e as crescentes taxas de juros.
Na previsão atualizada dos dados mundiais, a OMC corrigiu seu prognóstico de crescimento do comércio mundial de mercadorias em 2024 a 2,7% ligeiramente acima dos 2,6% previstos em abril.
A procura por bens foi maior do que o previsto na Ásia e menor do que o esperado na Europa, indicou.
A OMC baixou o prognóstico para 2025 de 3,3% para 3%.
O economista chefe da OMC, Ralph Ossa, disse à AFP que embora haja "risco por toda a parte" para o comércio internacional, "o maior seria o risco geopolítico" pelo conflito no Médio Oriente.
"Se, por exemplo, os preços do petróleo sobem radicalmente, isso certamente afetará a economia e o comércio", disse.
Entretanto, “parece que os mercados não conseguem decidir se devem preocupar-se com os riscos de fornecimento do Médio Oriente ou o que devem pensar sobre a procura da China”.
As exportações asiáticas devem crescer este ano até 7,4%, impulsionadas pela China, Singapura e Coreia do Sul, enquanto as exportações japonesas estão estagnadas.
No lado da procura, o aumento das importações chinesas continua moderado, com um aumento mais forte em outras economias asiáticas como Singapura e Malásia.
Entretanto, a Europa projeta uma redução de 1,4% no seu volume exportado em 2024. As importações projetam uma queda de 2,3%.
"Vemos a Europa mais fraca do que o esperado e a Ásia mais forte que o esperado", disse Ossa.
Na Europa, grande parte do lastro vem da Alemanha, disse.
Ossa citou as baixas exportações alemãs de veículos e químicos, especialmente químicos orgânicos.
O setor manufatureiro alemão viu-se afetado pelo aumento no custo da energia após a invasão russa na Ucrânia e a baixa procura externa, agravando o seu declínio.
A previsão da OMC destacou a importância crescente dos chamados “países conetores” nas cadeias de suprimentos e no comércio global, especialmente o México e o Vietname, seguidos pela Índia.
Esses países tornaram-se a rota de conexão para as exportações num momento em que a relação comercial entre a China e os Estados Unidos “foi realmente prejudicada”, disse Ossa.
A OMC espera que a normalização da inflação e das taxas de juros impulsione o comércio internacional.
“À medida que o impacto inflacionário recua, devemos esperar uma recuperação na renda e no consumo de todos os tipos de bens, incluindo as importações”, disse o economista da OMC Coleman Nee.
Espera-se que o crescimento real do PIB mundial às taxas de câmbio do mercado permaneça estável em 2,7% em 2023, 2024 e 2025.
A região de crescimento mais rápido este ano deverá ser a Ásia, com 4%, enquanto a Europa terá o crescimento mais lento, com 1,1%.
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