“Deve haver sanções e deve haver uma melhor divisão destes fluxos migratórios”, afirma, em entrevista à Lusa, o candidato do Pessoas-Animais-Natureza (PAN).
Francisco Guerreiro aceita que, em momentos de grande afluência de migrantes à Europa, alguns países possam ter “dificuldades em gerir esses fluxos”, mas sustenta que essas situações exigem “uma sensibilidade dos outros países europeus e uma cooperação para receber estes migrantes”.
“Temos que obviamente ter uma força, como União [Europeia], em que defendemos os valores em que acreditamos. E aí temos de ser perentórios”, frisa.
“Não podemos nunca esquecer que esta é uma questão humanitária”, alerta, apontando que Portugal deve ter sempre presente que tem “milhões de portugueses espalhados um pouco por todo o mundo”.
Francisco Guerreiro admite que as migrações envolvem “obviamente uma questão securitária”, mas assegura, porém, que ela não se coloca “na perspetiva populista”, mas antes em termos de “responsabilidade em relação a quem entra na Europa”.
O PAN promove uma “migração sustentável”, que passa “por ajudar as pessoas com necessidades humanas, porque fogem de guerras, fogem de pobreza extrema” e por “dividir a responsabilidade pelos países, nomeadamente Portugal”, que “pode receber mais imigrantes”.
Para Francisco Guerreiro, a gestão dos fluxos deve ser feita a um nível supranacional, mas pode e deve envolver também as autarquias, já que várias experiências feitas na Europa demonstram serem atores mais bem-sucedidos na integração de imigrantes.
“Pode haver um aperfeiçoamento da ligação estrutural da UE com as autarquias para enquadrar esses imigrantes, para haver um acompanhamento cultural, para explicar as diferenças culturais.
“Ir buscar à ciência esses argumentos e esses factos, como contraponto aos argumentos populistas”, explica.
O candidato do partido ambientalista aponta, por outro lado, políticas europeias que não têm ajudado a mitigar a questão, desde logo os acordos comerciais que a UE estabelece com os países limítrofes.
“Muitas vezes, [a UE] não faz com que essas economias beneficiem dessas trocas e tem havido uma supremacia muito grande da UE”, afirma.
“A nível estrutural, temos de repensar como trocamos e como negociamos com esses países, porque se diminuímos a possibilidade de eles terem uma base de sustentabilidade maior e maior resiliência produtiva e económica, será muito difícil as pessoas que lá estão criarem empregos, criarem sustentabilidade, e conseguirem ver emergir uma economia de mercado regulada”, defende.
Francisco Guerreiro dá ainda como “falhada” a política “que vingava muito na década de 1980 e 1990” de ajuda aos governos dos países de origem dos migrantes.
“Esta questão da migração tem efeitos muito diretos, porque há uma transferência de capitais das pessoas que estão cá, quando começam a ter uma vida mais constante, mais regular, que transferem diretamente os seus rendimentos para a base da sociedade [do país de origem], nomeadamente as famílias, e, a partir daí, há uma estabilização muito maior do que se tivermos este fluxo de dinheiro simplesmente direcionado entre governos”, aponta.
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