“É com surpresa que leio os nomes de políticos portugueses, como o ex-primeiro ministro José Sócrates e o antigo vice-primeiro-ministro Paulo Portas, e de outras personalidades, como o agente do jogador de futebol Cristiano Ronaldo, Jorge Mendes, que foram supostamente convidados para participar nos trabalhos da nossa comissão de inquérito”, afirma o presidente da comissão de inquérito ao Branqueamento de Capitais e à Elisão e Evasão Fiscais (PANA) em comunicado.
Salientando que “a decisão de visitar Portugal para uma missão de apuramento de factos ainda não foi tomada”, Werner Langen assegura também que “ainda não foi tomada uma decisão por parte dos coordenadores dos grupos políticos sobre a lista de pessoas com quem esta missão irá encontrar-se ou mesmo sobre uma futura audição sobre o ‘Football leaks’, em Bruxelas ou em Estrasburgo”.
“Todos os nomes que estão a circular neste momento, sejam de políticos ou de pessoas ligadas ao mundo do desporto, são prematuros”, acrescenta o eurodeputado alemão do PPE.
A comissão de inquérito PANA do Parlamento Europeu sobre as revelações ‘Panama Papers’ vai investigar alegadas contravenções ou má administração, pela Comissão ou pelos Estados-membros, na aplicação das regras europeias relacionadas com o branqueamento de capitais e com a elisão e a evasão fiscais.
No passado dia 15, o Expresso noticiou que a comissão de inquérito do Parlamento Europeu aos ‘Panama Papers’ tinha aprovado o envio de uma missão para Portugal – ainda sem data definida - no âmbito do escândalo dos ‘offshores’.
Segundo disse ao jornal a eurodeputada socialista Ana Gomes, esta poderia ser uma oportunidade para a comissão falar com o Banco de Portugal, Polícia Judiciária, os ministros das Finanças da altura (Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque) e o antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do Governo de Passos Coelho, Paulo Núncio.
Já esta semana, o grupo parlamentar Los Verdes-Alianza Libre Europea confirmou que o agente desportivo Jorge Mendes e o presidente da FIFA, Gianni Infantino, iam ser ouvidos a 05 de setembro pela comissão de investigação aos 'Panama Papers' .
“FIFA, intermediários e futebolistas têm de dar explicações, porque todos têm responsabilidade, por isso pedimos que Jorge Mendes compareça”, esclareceu Ernest Urtasun, eurodeputado do partido espanhol Iniciativa per Catalunya Verds, em comunicado.
Para Urtasun, a gestão de Jorge Mendes “parece estar no centro da ‘teia’ de empresas de fachada para evitar que jogadores e treinadores paguem impostos”.
A plataforma ‘Football Leaks’ começou a divulgar documentos confidenciais em setembro de 2015, alguns dos quais que denunciavam eventuais evasões fiscais de Cristiano Ronaldo, agenciado por Jorge Mendes.
Desde o início de abril de 2016, os 'Panama Papers', divulgados por um consórcio de jornalistas de investigação e baseados em cerca de 11,5 milhões de documentos provenientes da sociedade de advogados Mossack Fonseca, levaram à abertura de muitos inquéritos em todo o mundo e à demissão do primeiro-ministro islandês e de um ministro espanhol.
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