“Os erros do passado não foram suficientes para impedir a destruição de outros”, afirmou o Papa na missa que encerrou o sínodo dedicado à Amazónia, sublinhando que isso mesmo é visível “na face desfigurada” daquela região.
Na homilia proferida perante os 184 bispos e cardeais da Amazónia e dezenas de missionários e representantes de povos indígenas, Francisco denunciou o “pecado ecológico” que considera ser a destruição do floresta tropical amazónica através da exploração de madeiras preciosas, mineração e pecuária intensiva.
“[Paremos de] causar ferimentos nos nossos irmãos e na nossa irmã terra””, disse o Papa, que criticou ainda “a religião do eu, que permanece hipócrita com os seus ritos e orações, esquecendo que a verdadeira adoração a Deus passa pelo amor ao próximo”.
Uma crítica feita no final do sínodo em que, segundo a agência Efe, grupos de católicos ultraconservadores criticaram os símbolos usados por religiosos indígenas, argumentando que estariam a adorar ícones pagãos.
“Está no templo de Deus, mas pratica a religião do eu. E, além de esquecer de Deus, esquece o próximo, ou pior, despreza-o”, disse Francisco na homilia, acrescentando que “tantos grupos iluminados de católicos vão por esse caminho”.
“Quanta suposta superioridade que também hoje se torna opressão e exploração”, sublinhou o Papa que pediu aos católicos que não se julguem superiores nem se tornem “cínicos”.
Na homilia que encerrou o Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazónica (iniciado no dia 06), o Papa afirmou que durante a assembleia as vozes dos pobres foram ouvidas e “foi possível refletir sobre a precariedade das suas vidas, ameaçadas por modelos de desenvolvimento predatório”.
Porém, denunciou que muitas vezes, “mesmo na Igreja, as vozes dos pobres não são ouvidas e são gozadas ou silenciadas pela inquietação”.
“Oramos para pedir a graça de saber ouvir o clamor dos pobres” que é, concluiu o Papa, “o clamor da esperança da Igreja”
A missa concluiu o Sínodo dedica à Amazónia, cujo documento final foi aprovado no sábado.
Além de propostas como ordenar padres casados nas regiões mais isoladas, o documento inclui o compromisso da Igreja de ser aliada dos povos amazónicos e de denunciar os ataques contra aquelas populações e os seus territórios.
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