No primeiro dia de visita à Roménia, o Papa presidiu a uma cerimónia religiosa junto do patriarca Daniel da Igreja Ortodoxa romana e explicou algumas passagens do “Pai Nosso”.
Francisco deteve-se especialmente na parte “venha a nós o vosso reino”, quando disse que “as dinâmicas do mundo” não facilitam esse desejo.
“Dinâmicas orientadas por uma lógica do dinheiro, dos interesses do poder. Quando estamos submergidos num consumismo cada vez mais desenfreado, que alicia com brilhos deslumbrantes, mas efémeros, ajuda-nos Pai a acreditar no que imploramos”, disse o Papa.
Francisco apelou à renúncia das cómodas seguranças do poder, das enganosas seduções da mundanidade e das vãs presunções dos que se creem autossuficientes, e falou da unidade dos cristãos, em linha com as suas recentes viagens à Bulgária e à Macedónia do Norte, de maioria ortodoxa, tendo hoje dedicado a oração ao caminho “da fraternidade” entre as duas igrejas.
E fê-lo ao explicar a parte do “pão nosso de cada dia” do “Pai Nosso”: “Imploramos também o pão da memória, a graça de que fortaleças as raízes comuns da nossa identidade cristã”.
No primeiro dia de uma visita de três dias à Roménia o Papa fez vários apelos para que se estreitem laços e se avance na unidade com a Igreja Ortodoxa, enfrentando os desafios de um mundo que vive os estragos de uma “cultura de ódio” e do individualismo.
A visita do Papa argentino acontece 20 anos depois da visita de João Paulo II, em 1999, um momento histórico porque foi a primeira visita de um chefe da Igreja de Roma à Roménia, depois do passado comunista do país.
Francisco chegou a Bucareste com uma clara mensagem ecuménica, mas também social, ouvida pelo patriarca ortodoxo Daniel.
Francisco alertou para os vários perigos que enfrenta a sociedade atual, como uma globalização que está a uniformizar e que “contribui para erradicar os valores das pessoas, debilitando a ética e a vida em comum, contaminada nos últimos tempos por uma sensação generalizada de medo”.
Um medo que, segundo o Papa argentino, é muitas vezes fomentado de propósito e que leva a atitudes de isolamento e de ódio.
E na aposta em fortalecer os laços entre as duas igrejas Francisco defendeu que a unidade remonta à época dos apóstolos, Pedro no caso de Roma e André entre os ortodoxos, mas também remonta a um passado recente comum de perseguições, sobretudo durante os regimes comunistas.
Antes do ato público na catedral ortodoxa o Papa reuniu-se em privado com o patriarca Daniel. Os dois falaram depois perante o Sínodo Permanente da Igreja Ortodoxa e os representantes do Vaticano. E no final os dois líderes espirituais abandonaram a catedral juntos e benzeram os fiéis que os esperavam.
A visita de Francisco à Roménia termina no domingo e acontece um mês depois das visitas à Bulgária e Macedónia do Norte.
As duas igrejas estão separadas desde o Grande Cisma de 1054, quando uma Igreja única se separou na Igreja Católica Apostólica Romana e na Igreja Católica Apostólica Ortodoxa.
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