Com o Rei Hamad bin Isa Al Khalifa ao seu lado, Francisco também instou a nação do Golfo Árabe a garantir condições de trabalho “seguras e dignas” para os trabalhadores imigrantes, que há muito enfrentam abusos na construção, extração de petróleo e serviços domésticos.
Embora assumindo uma postura diplomática, Francisco não se esquivou a falar de algumas das questões sociais mais controversas no Bahrein, no início da sua visita de quatro dias, para participar numa conferência inter-religiosa patrocinada pelo Governo sobre o diálogo Leste-Oeste.
Grupos de direitos humanos e familiares de ativistas xiitas que se encontram no corredor da morte pediram ao Papa para pedir o fim da pena capital e para defender os direitos dos dissidentes políticos, centenas dos quais foram detidos desde que o Bahrein esmagou os protestos da Primavera Árabe de 2011, com a ajuda dos vizinhos Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Francisco referiu-se indiretamente à luta entre seitas, quando chegou à cidade de Awali e se encontrou com Al Khalifa, no palácio real de Sakhir, naquela que é a primeira visita papal ao Bahrein.
Falando perante autoridades governamentais e diplomatas, Francisco elogiou a tradição de tolerância do Bahrein e citou a Constituição do país, que proíbe a discriminação com base na religião, dizendo ser um compromisso declarado que deve ser colocado em prática.
Referindo-se à pena de morte, Francisco disse que o Governo deve garantir, antes de mais, o direito à vida.
De acordo com o Instituto Direitos e Democracia, em 2017, o Bahrein abandonou uma moratória sobre a pena de morte e, desde essa altura, executou seis prisioneiros.
Esse instituto e a organização Human Rights Watch documentaram um “aumento dramático” no número de sentenças de morte proferidas desde 2011, com 26 pessoas atualmente no corredor da morte, metade por atividades políticas.
Nos últimos dias, estas organizações divulgaram uma carta de familiares de alguns desses presos no corredor da morte, implorando a Francisco para colocar a questão perante as autoridades e para visitar a prisão de Jau, onde se encontram muitos presos políticos.
Durante a visita, Francisco lembrou ainda que o Bahrein tem um dos níveis mais altos de imigração do mundo, com cerca de metade da população de trabalhadores estrangeiros, denunciando a existência de trabalho “desumanizante”.
“Devemos garantir que as condições de trabalho em todos os lugares sejam seguras e dignas”, disse Francisco, pedindo ao Bahrein para ser “um farol na região para a promoção de direitos iguais e melhores condições para trabalhadores, mulheres e jovens”.
O Bahrein, como outros estados árabes do Golfo, depende de trabalhadores de países asiáticos como Índia e Paquistão, que frequentes vezes enfrentam condições difíceis, com baixos salários.
Francisco deverá dirigir-se a alguns desses trabalhadores, quando se reunir com a comunidade católica, que ultrapassa as 80.000 pessoas, num país de cerca de 1,5 milhões de habitantes.
Francisco visitará as duas igrejas durante a visita e é provável que agradeça ao Rei pela tolerância que o Governo há muito mostra aos cristãos que vivem no país.
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