A candidatura é oficialmente apresentada a 21 de julho, nos Recreios da Amadora, mas numa nota enviada à comunicação social o ‘Nós, Cidadãos’ antecipa um retrato do candidato Mário de Carvalho: cabo-verdiano da Ilha de Santiago, jurista licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Lusófona, ‘Obama da Amadora’.
À Lusa, o candidato independente que corre como cabeça-de-lista do ‘Nós, Cidadãos’ pede contenção nas comparações.
“Isso é entusiasmo [do partido]. O Obama está nos EUA. O Mário de Carvalho está na Amadora. Quando falam no [ex-Presidente dos EUA, Barack] Obama estão a dizer que se está a dar um grande passo, mas sem grandes semelhanças, porque são realidades completamente distintas”, disse Mário de Carvalho à Lusa.
Ainda que admita ter em Obama “uma referência”, Mário de Carvalho diz que a comparação só pode ter por base o facto de serem ambos “cidadãos do mundo” e de terem um projeto de cidadania.
A cidadania ativa é, aliás, um dos pontos fortes da candidatura do cabeça-de-lista, começando logo pelas eleições agendadas para 1 de outubro, tendo como objetivos a diminuição da abstenção e o aumento da participação política.
Mário de Carvalho recusa megalomanias no seu projeto: “Não prometemos ir à lua”.
“Quero fazer coisas simples, fazíveis, vulgares, concretizáveis”, disse Mário de Carvalho, o cidadão do mundo que é também, segundo o próprio, um cidadão vulgar, que anda pelas ruas e conhece as pessoas da cidade e do concelho onde vive.
Quanto às ideias concretas do seu programa, Mário de Carvalho prefere apresentá-las a 21 de julho, mas a candidatura, que é “uma candidatura de amor à Amadora”, pretende dar atenção a temas como o empreendedorismo e a captação de investimento para as empresas, acesso à educação e segurança.
Sobre este último ponto, o candidato diz que tem de ser tratado em ligação com a questão da integração das comunidades imigrantes, num concelho com cerca de 200 mil habitantes e com uma forte presença de comunidades estrangeiras, sobretudo lusófonas.
“Temos 55 nacionalidades na Amadora. É uma realidade ‘sui generis’”, disse.
Mário de Carvalho recusa abordar a questão de um ponto de vista racial, mesmo no caso concreto da recente acusação do Ministério Público aos polícias da esquadra de Alfragide por discriminação racial em relação a moradores do bairro da Cova da Moura.
Afirma que acredita na justiça e que “há uma reflexão” que se pode fazer sobre o assunto, mas entende também ser necessária outra abordagem à criminalidade, desde logo pela comunicação social, que considera parcialmente responsável pela má imagem que as comunidades imigrantes têm na sociedade.
“Quando se abrem noticiários com notícias de um arrastão sem se ouvir sequer o outro lado está-se a contribuir para que as comunidades sejam vistas de uma determinada forma”, disse.
Consciente de que na Amadora “não há ouro, não há petróleo, nem outros recursos naturais”, Mário de Carvalho diz que a riqueza da cidade “são as pessoas” e a multiculturalidade que 55 nacionalidades implicam.
Daí que a aposta na cultura e na afirmação da Amadora como um polo de cultura multicultural esteja entre as prioridades. E já há uma ideia em cima da mesa para discussão.
“Queremos uma Lusovisão da Canção. É um projeto que queremos discutir”, disse.
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