“Esperamos ganhar mais de 100 lugares” entre os 125, disse o porta-voz do Partido do Povo Cambojano (CPP), Sok Eysan.
Todas as sondagens apontavam para a vitória, com maioria absoluta, do Partido do Povo do Camboja (PPC), uma vez que a principal força de oposição, o Partido do Resgate Nacional do Camboja (PRNC), foi dissolvido no ano passado, na sequência de uma ordem judicial, considerada por vários observadores como uma manobra política do partido no poder.
O PRNC ameaçou a hegemonia do PPC nas eleições legislativas de 2013, quando recolheu 44% dos votos, o que resultou numa resposta dura do Governo através dos tribunais.
O primeiro-ministro cambojano, Hun Sen, acusou o atual líder do PRNC, Kem Sokha, de ter conspirado com estrangeiros para o derrubar, e seguiu com a dissolução do partido e a proibição de atividade política por cinco anos a 118 membros.
A campanha de intimidação iniciada então levou a que os Estados Unidos e a União Europeia (UE) questionassem a legitimidade e retirassem os observadores das eleições e ameaçassem o país com sanções económicas.
“As eleições não são mais do que uma farsa orquestrada por Hun Sen que quer concorrer sem adversários”, assegurou Mu Sochua, ex-deputada do PRNC no exílio, à agência de notícias espanhola EFE.
"As eleições deviam ser o culminar de um processo democrático. Estas não são tal coisa. O processo democrático foi completamente desfigurado até ser irreconhecível", disse Sophal Ear, refugiado do Camboja e professor associado na Occidental College nos Estados Unidos.
Hun Sen pretende agora ampliar por mais dez anos o seu mandato iniciado em 1985, reivindicando a paz presente no país e o forte crescimento económico da última década.
"Construímos esta nação desde o zero e o PPC vai assegurar-se de que o país não volte à destruição. A partir de agora só haverá paz e progresso. Cuidaremos de Camboja para sempre", escreveu Hun Sen na sua página do Facebook, na semana passada.
Estas serão as sextas eleições desde que a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou a primeira votação democrática em 1993, durante a paz que pôs fim a duas décadas de guerra civil entre várias fações, entre elas o Khmer vermelho, uma organização maoista dirigida por Pol Pot, que governou o país entre 1975 e 1979.
Quando chegou ao poder em 1985, Hun Sen, um antigo 'Khmer Vermelho' que contribuiu para o derrubamento do regime de Pol Pot, pacificou grande parte do país e apostou nas negociações de paz encabeçadas pela ONU, que resultaram nos acordos de paz de Paris, 1991.
As denúncias de corrupção, manipulação de instituições e intimidação de oponentes foram uma constante durante o seu longo mandato, no qual combinou atos de repressão com ações de consenso.
O alinhamento com Pequim e a entrada massiva de capital chinês tornaram o Camboja independente da ajuda económica do Ocidente e da pressão exercida sobre Phnom Penh.
"A democracia terminou no Camboja e o país dirige-se para um Estado de partido único e uma nova ordem autoritária inédita desde 1992", assegurou Sophal Ear.
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