A decisão foi anunciada aos jornalistas pelo vice-líder parlamentar e responsável pelos Assuntos Constitucionais da União Nacional Africana do Zimbabué – Frente Patriótica (ZANU-PF), Paul Mangwana, à margem de uma reunião dos deputados do partido, no poder desde 1980.
A moção de destituição, segundo Mangwana, será apresentada terça-feira nas duas câmaras do Parlamento, devendo, depois, ser criado um comité especial para que, quarta-feira, apresente um relatório oficial para se avançar com a votação, sendo necessária uma maioria de dois terços para que seja aprovada.
Segundo a Constituição zimbabueana, a Assembleia Nacional e o Senado podem depois aprovar, por uma maioria simples, o procedimento de destituição do Presidente.
Desconhece-se, porém, por quanto tempo irá prolongar-se o processo, bem como se o Presidente irá interpor recursos para evitar a destituição.
Mangwana indicou que a principal acusação contra Mugabe, 93 anos e Presidente zimbabueano desde que o país acedeu à independência, em 1980, é a de ter “permitido à mulher [Grace Mugabe] usurpar os poderes do Governo”, bem como a ligada à “avançada idade, que não consegue andas sem ajuda”.
O deputado da ZANU-PF acrescentou que o partido no poder necessita apenas dos votos da oposição do Movimento para as Mudanças Democráticas (MDC, na sigla inglesa) para que a votação leve à destituição de Mugabe.
Por seu lado, o líder parlamentar da ZANU-PF, Lovemore Matuke, tem-se escusado a responder às perguntas dos jornalistas até que termine a reunião do grupo parlamentar do partido, que está reunido desde manhã na sede, em Harare.
O líder do MDC, Morgan Tsvangirai, já admitiu que, neste processo, irá votar ao lado da ZANU-PF, mas referiu ter “dúvidas” sobre se o partido no poder tem capacidade política para resolver todos os desafios que o país apresenta.
Para Tsvangirai, a ZANU-PF está dividida em fações que estão a batalhar entre si, ao mesmo tempo que são grandes as divergências com o exército sobre a forma como o processo vai ser liderado após a saída de Mugabe do poder.
O líder da oposição zimbabueana sublinhou ser este o momento para ter uma “nova era” e um “novo recomeço” no país.
Mugabe surpreendeu domingo os zimbabueanos ao desafiar, numa intervenção na televisão oficial, quer os militares — não deixará a presidência — quer os dirigentes do partido — recusa-se a abandonar o cargo e prometeu que estará a liderar o congresso do partido previsto para dezembro.
Hoje, Mugabe ignorou o prazo dado pelo Exército, até às 12:00 locais (11:00 em Lisboa) para abandonar a presidência.
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