“Terei muito para dizer e para juntar, em complemento do que agora fica conhecido, julgo que pode dar um contexto mais alargado também, de entendimento sobre aquilo que se passou no país nesses anos”, afirmou Passos Coelho, em declarações aos jornalistas no final da apresentação pública do segundo volume de memórias política do ex-Presidente da República Cavaco Silva, que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Admitindo que o livro de Cavaco Silva “não diz tudo, mas tudo o que diz” é importante para que se perceba o que se passou durante o tempo em que liderou o Governo de coligação PSD/CDS-PP e que coincidiu com o tempo em que a ‘troika’ esteve em Portugal, Passos Coelho disse que guarda ainda desse período uma “memória muito viva”.
“É hoje patente que além da excelente cooperação institucional que mantivemos, mantivemos também discordâncias sensíveis sobre assuntos que eram relevantes. Isso não impediu que o país não tivesse beneficiado do relacionamento que eu considero ter sido impecável na altura entre o primeiro-ministro - que eu encarnei - e o Presidente da República e isso foi um benefício para o país”, sublinhou.
Passos Coelho disse ainda não ter dúvidas de que, mesmo sem estar no centro da governação, Cavaco Silva “teve uma influência e um papel muito relevante” para que Portugal tivesse conseguido ter uma ‘saída limpa’ do resgate financeiro.
Sobre o livro que está a escrever, Passos Coelho, que liderou o Governo de coligação PSD/CDS-PP entre 2011 e 2015, adiantou que ainda não está terminado, nem existe uma data fixada para a sua publicação.
“Não tenho pressa”, assegurou o antigo primeiro-ministro, que garantiu ainda que está “fora da atividade política e partidária” e assim continuará.
Entre os episódios relatados por Cavaco Silva no segundo volume de “Quinta-feira e outros dias”, estão as crises porque passou o Governo PSD/CDS-PP, com o antigo Presidente da República a revelar que Passos Coelho ameaçou demitir-se mais do que uma vez.
“Utilizei um batalhão de argumentos para demonstrar ao primeiro-ministro que não podia abandonar o navio”, conta Cavaco Silva, que exerceu o cargo de chefe de Estado entre 2006 e 2016.
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