A distinção do Financial Times começa por citar Paula Rego: "Tento obter justiça para as mulheres... pelo menos nas imagens... Vingança também". Para o jornal, "Vingança é uma palavra forte, mas as imagens assombrosas desta artista têm um poder enorme, frequentemente inquietante".
"Lutando através de um meio profundamente religioso e convencional em Portugal, mais tarde através de um mundo de arte londrino dominado pelos homens, a meio da sua carreira, Rego elevou-se para se tornar provavelmente a pintora figurativa mais significativa dos nossos tempos", é referido.
De acordo com o jornal, "as suas imagens intensas e duras — escuramente sexuais, profundamente ominosas, repletas de drama, violência e simbolismo, inspiradas na fantasia e no mito, ao mesmo tempo que celebra a maravilhosa riqueza da vida — inspiram-se na sua educação portuguesa, bem como na sua própria vida posterior".
O Financial Times destaca, este ano, "uma série de exposições importantes" de Paula Rego, entre elas "a espantosa retrospetiva de 100 trabalhos da Tate Britain", que "selou a sua reputação".
Nascida em Lisboa, Paula Rego, que completou 86 anos em janeiro deste ano, viajou para Inglaterra aos 16 anos para terminar os estudos secundários numa escola privada e ingressou, no ano seguinte, na Slade School of Fine Art.
Paula Rego tem muitas gravuras inspiradas na literatura tradicional infantil, nomeadamente cantigas e rimas de berço inglesas, mas a sua obra também aborda temas políticos, como o abuso de poder, e sociais, como o aborto ou a mutilação genital feminina.
Desde 2009 que a obra da artista tem um museu dedicado em Cascais, a Casa das Histórias Paula Rego, o qual tem mostrado várias vezes a obra do marido, Victor Willing, falecido em 1988.
Possui dupla nacionalidade, portuguesa e britânica, e em 2010 foi distinguida com o grau de Dame Commander of The Order of the British Empire pela rainha Isabel II, pela sua contribuição para as artes.
Em 2016 foi homenageada com a medalha de honra da cidade de Lisboa e, em 2019, foi distinguida em Londres com a Medalha de Mérito Cultural pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, que admitiu que "faltava este reconhecimento" pelo Governo português.
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