“Como político, pode-se ou não gostar de Mário Soares e concordar ou não com o que fez. A nível pessoal, para mim, foi muito importante. Foi ele quem salvou a minha carreira”, refere Paulo Futre num texto publicado hoje na sua página na rede social Facebook.
Futre conta que no verão de 1987, quando se transferiu do FC Porto para o Atlético de Madrid, foi chamado para cumprir 16 meses de serviço militar obrigatório, o que o impediria de jogar durante esse período.
O antigo internacional, que na altura tinha 21 anos, explica que foi Mário Soares, à data Presidente da República, que resolveu a questão.
Segundo Futre, num telefonema, Mário Soares, que morreu com 92 anos, ter-lhe-á dito: “Para mim, como Presidente da Republica portuguesa, é uma honra anunciar-te que és o primeiro português a ter estatuto de atleta de alta competição. Como resultado, vais ter um adiamento de oito anos do serviço militar. Mas tens de prometer-me uma coisa: tens de triunfar por Portugal”.
“Foi ele que me permitiu poder tornar-me no primeiro jogador português a brilhar fora de portas e a elevar o nome da nossa nação pelo mundo fora. Fui o primeiro a beneficiar do novo estatuto, mas depois de mim todos beneficiaram: Figo, Rui Costa, Cristiano Ronaldo” refere Paulo Futre.
O antigo futebolista, que em Portugal representou os ‘três grandes’, garante que depois deste gesto de Mário Soares passou a ter um ritual: “Cinco minutos antes de entrar em campo: rezava por mim, por Portugal e pelo senhor Mário Soares”.
O antigo Presidente da República e ex-primeiro-ministro morreu no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.
Nascido a 7 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS.
Comentários