“O PS decidiu por sua opção própria não só dar a mão ao Governo, como viabilizar a sua política. É uma opção errada, na nossa opinião, mas está assumida e é com eles”, disse Paulo Raimundo, em Viana do Castelo.

Questionado pelos jornalistas sobre os cinco pactos de regime propostos por José Luís Carneiro na candidatura à liderança do PS, o líder comunista afirmou que não os conhece “com pormenor” e adiantou que o país “chegou ao que chegou pelos compromissos de regime entre o PSD e o PS”.

“Não houve nada que acontecesse no nosso país que não tivesse um compromisso de regime do PS e do PSD. Até as revisões constitucionais”, frisou.

Durante o discurso que proferiu hoje no jardim marginal de Viana do Castelo durante uma sessão pública da CDU, Paulo Raimundo acrescentou não ter ficado “nada” admirado com a recondução da ministra da Saúde no “novo-velho Governo” que tomou posse esta semana por considerar que Ana Paula Martins está a “cumprir à risca o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

“Está a cumprir o Programa do Governo, os desígnios daqueles que querem fazer da doença um negócio. A ministra da Saúde está a levar à risca as ordens e orientações que tem, desmantelar o SNS e transferir para o setor privado, para os grandes grupos económicos, o negócio da doença. Está a cumprir à risca e é por isso que ela se mantém de pedra e cal para cumprir esse desígnio”, afirmou aos militantes que participaram na sessão pública.

Já em declarações aos jornalistas, questionou a criação do Ministério da Reforma do Estado e da Administração Pública.

“Modernizar o Estado para quê? […] Para o Estado responder melhor às situações do SNS, da habitação, da escola, é para isso? Sabemos que não. Vai-se reformar o Estado para que o Estado corresponda aos interesses daqueles que querem sacar mais recursos, mais benefícios, mais benesses. Não são os do Rendimento Social de Inserção que estão a contar com isso”, criticou.

Sobre a junção das pastas da Cultura, Juventude e Desporto num ministério único, Paulo Raimundo disse que “expressa bem um pensamento”.

“É revelador que a opção do Governo tenha sido acabar com o Ministério da Cultura […]. Não nos vale muito ter um Ministério da Cultura que depois não tenha uma política cultural para o país, ao serviço das pessoas e ao serviço daqueles que trabalham na cultura, mas é um sinal”, observou, recusando pronunciar-se sobre a nomeação da jurista Margarida Balseiro Lopes para o cargo.

Paulo Raimundo apenas referiu que não tem curso superior, mas está convencido de que dava “um belo ministro da Cultura”.