“Numa altura em que estamos em plenas comemorações dos 50 anos de um dos momentos maiores da nossa história [25 de Abril de 1974], a direita reacionária multiplica os seus esforços para desviar as atenções dos aspetos mais estruturantes e fundamentais das transformações da Revolução”, acusou Paulo Raimundo.
O líder do PCP discursava na Casa do Alentejo, em Lisboa, na sessão de lançamento do sétimo volume das “Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal”, que reúne textos escritos pelo histórico dirigente comunista entre 1976 e 1977, designadamente o seu relatório ao VIII Congresso do PCP.
Paulo Raimundo defendeu que, “recorrendo à mentira, à calúnia, à deturpação e à manipulação, nomeadamente acerca do papel do PCP nos mais variados momentos da sua história”, as “forças reacionárias não hesitam em agitar e recuperar velhas e bafientas narrativas” quando se assinalam os 50 anos da Revolução dos Cravos.
“É o caso da recorrente recuperação do golpe contrarrevolucionário do 25 de Novembro”, disse.
Citando Álvaro Cunhal, Paulo Raimundo referiu que, em 25 de Novembro de 1975, “não houve por parte da esquerda nem golpe, nem tentativa de tomada do poder”, salientando que a data “representou uma grande derrota da esquerda militar”, mas “não representou a derrota definitiva da revolução, como alguns se apressaram a concluir”.
“A verdade é que a extrema-direita e os seus aliados de ocasião, que apostavam tudo na guerra civil, na ilegalização e repressão do PCP, sofreram uma séria derrota, não atingindo os seus objetivos”, sublinhou Paulo Raimundo.
Essa derrota, prosseguiu o líder do PCP, levou “ao relativo isolamento” da extrema-direita e, apesar da “intensa campanha anticomunista”, que incluiu “terrorismo bombista”, permitiu que o PCP participasse num Governo provisório que aprovou a Constituição da República, “com um profundo conteúdo progressista, avançado e comprometido com as conquistas e valores da revolução”.
O secretário-geral do PCP lamentou que, após esse executivo, aquando da formação do I Governo Constitucional, liderado por Mário Soares, o PS tenha desencadeado um “processo contrarrevolucionário” e uma “ofensiva da política da recuperação capitalista e restauração monopolista”, “traindo o seu programa”.
Essa política, defendeu Paulo Raimundo, intensificou-se com a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1986, que não concretizou “aqueles cenários idílicos que viam na integração europeia a panaceia para todos os males”.
“Olhemos para a perda de soberania, para a destruição do tecido produtivo e para as privatizações, para as imposições, para os constrangimentos, para as ameaças, para os impedimentos, e rapidamente perceberemos que qualquer bazuca não compensa tudo aquilo que perdemos”, disse.
O líder do PCP defendeu que essa política se mantém até aos dias de hoje – conduzida por Governos do PS, PSD ou CDS, e também veiculada pela IL e Chega -, criticando a atual maioria absoluta socialista.
Para o líder do PCP, um Governo que opta por privatizar a TAP e a Efacec, que “cede a exigências do patronato e mantém a política de baixos salários” ou que, em vez de controlar os preços dos bens essenciais, “opta por remendos e falsas soluções”, não está ao serviço da população.
“Um Governo assim, com estas opções de fundo que em tudo são acompanhadas por PSD, CDS, Chega e IL, coloca-se efetivamente, não ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país, mas sim ao lado e ao serviço dos grupos económicos”, criticou.
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