“O Governo tem a responsabilidade política, perante o país, de ainda ir a tempo de travar este negócio ruinoso. O Governo deve impedir, travar esta decisão e este processo”, declarou Bruno Dias em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Tal como o PCP tinha anunciado esta manhã, Bruno Dias referiu que o partido solicitou ao Governo “todos os elementos” sobre esta privatização, designadamente “as propostas vinculativas, não vinculativas, os acordos assinados, os relatórios que foram apresentados”, apelando a que o executivo os faculte rapidamente.
“Na próxima semana, temos o senhor ministro [da Economia e do Mar, António Costa Silva] na Assembleia da República no debate orçamental e é bom, é importante, é indispensável que estes documentos que o PCP requereu (…) sejam facultados para que essa transparência e clareza não sejam palavras vãs”, sublinhou. Costa Silva é ouvido na próxima segunda-feira no parlamento.
Questionado sobre a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito sobre a venda da Efacec – que a IL já anunciou que vai propor e o PSD admitiu -, Bruno Dias respondeu que a “questão central” para o PCP é “travar esta privatização”.
“Parece-nos mais ou menos claro que partidos como a IL, o PSD, certamente que não é aí que está a sua preocupação. A nossa preocupação não é analisar só a desgraça depois de ela estar feita: nós queremos mesmo travar, prevenir e evitar que este mal seja feito”, declarou.
O deputado do PCP sustentou que a venda da Efacec “revela uma opção verdadeiramente criminosa do ponto de vista económico” e “não vai garantir o futuro da empresa”.
“Aquilo que defende de facto a empresa é apontar um plano estratégico, uma perspetiva de desenvolvimento e investimento industrial no contexto do setor empresarial do Estado”, defendeu.
Bruno Dias qualificou a Efacec como uma “empresa fundamental do ponto de vista industrial” em Portugal e considerou que a venda concretizada esta terça-feira entrega “centenas de milhões de euros num negócio que não tem de facto futuro garantido”.
“Acima de tudo, o que é importante é defender a Efacec, o seu futuro e os seus trabalhadores, a economia nacional, o nosso desenvolvimento e soberania. Isso implica travar esta ruinosa privatização”, defendeu.
O Estado, através da Parpública, vendeu na terça-feira 100% da Efacec ao fundo alemão Mutares.
A Efacec, empresa que opera nos setores da energia, engenharia e mobilidade, com cerca de 2.000 trabalhadores, tinha sido nacionalizada em 2020, ficando o Estado a deter 71,73% da empresa.
A nacionalização, apresentada como temporária, ocorreu na sequência do arresto judicial de bens da empresária angolana Isabel dos Santos, que detinha a maioria do capital da Efacec.
Na terça-feira, o ministro da Economia disse que o Estado vai injetar mais 160 milhões de euros na Efacec, enquanto o fundo Mutares injetará na empresa 15 milhões de euros em capital e 60 milhões de euros em garantias.
O Estado já injetou 132 milhões de euros na Efacec, a que se somam mais 85 milhões de euros em garantias.
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