Numa altura em que as audições da comissão de inquérito entram na fase final de antigos e atuais governantes, o deputado do PCP Bruno Dias, em conferência de imprensa no parlamento, reiterou a importância para os comunistas de “falar da TAP”, considerando que “para quem conseguir penetrar através da espuma dos casos mediatizados, é possível tirar importantes conclusões” relativamente à companhia aérea.
“Continuaremos a intervir na comissão de inquérito, quer na fase das audições que ainda não terminou, quer perante o relatório que venha a ser produzido, mas quando assistimos todos os dias à necessidade de tirar consequências do que se está a passar na comissão de inquérito, gostaríamos de sublinhar o seguinte: é preciso tirar consequências”, defendeu.
Ressalvando que o PCP não está a “falar de demissões”, Bruno Dias pediu mudanças de “práticas e políticas.
“A coincidência desta comissão de inquérito com a abertura pelo Governo do processo de privatização da TAP junta objetivamente o PS com a direita num crime económico que precisa e pode ser evitado”, criticou.
Para os comunistas, o “país não precisa de entregar mais uma empresa estratégica nas mãos do capital estrangeiro”, mas sim “de dar condições à TAP para que esta faça o que tem de fazer”.
Entre as conclusões que, na análise do deputado do PCP, já saíram deste inquérito parlamentar está “a importância da TAP para a economia nacional”, bem como o facto de David Neeleman ter comprado “a TAP com dinheiro da própria TAP”.
“A comissão de inquérito já demonstrou também que o Governo PS não andou bem. Recuperou a propriedade pública da TAP, mas os privados continuaram a mandar”, condenou, apontando ainda que “a TAP está a ser sobrecapitalizada para permitir que o futuro comprador privado a possa adquirir a preço de saldo”.
Sobre a reestruturação da empresa, Bruno Dias recorreu a uma expressão do antigo 'chairman' da TAP Manuel Beja: “o ataque aos trabalhadores foi até ao osso”.
“Por fim, os trabalhos da comissão de inquérito também já mostraram que um dos problemas da TAP é ter sido gerida – mesmo quando era uma empresa pública – como se fosse uma empresa privada”, lamentou.
Para os comunistas, é por isso imperioso que se acabe “com a importação dos piores tiques da gestão privada, incluindo as remunerações milionárias dos seus administradores”, bem como com “o segredo e a confidencialidade na gestão pública”.
O PCP quer ainda “repor o que foi cortado” aos trabalhadores da TAP, os “verdadeiros salvadores da empresa”, contratando ainda os que são necessários para “garantir a operação e o desenvolvimento” companhia aérea.
Na opinião de Bruno Dias, já foram apurados os “factos substanciais” sobre o processo que levou à criação desta comissão de inquérito, uma vez que “a indemnização paga a Alexandra Reis é ilegal e vai ter de ser devolvida” e quem pagou e quem autorizou este pagamento já foi demitido ou se demitiu.
“Talvez por isso, o foco do tratamento mediático da comissão de inquérito tem-se deslocado para questões laterais, muitas vezes empoladas, contribuindo em larga medida, não apenas para desvalorizar a TAP e atacar a existência de empresas públicas, mas também para corroer as instituições e o regime democrático, num ambiente tóxico no qual o PCP não só não se revê como tem procurado contrariar”, enfatizou.
Comentários