“Estes dados permitem aferir a urgência que os estudantes têm em sair do país. Dois em cada três estudantes da comunidade estudantil inquirida pensa emigrar no futuro, dos quais dois em cada cinco o pensa fazer nos próximos cinco anos”, destacou o presidente da Associação Académica de Coimbra, Renato Daniel.
A Associação Académica de Coimbra realizou um estudo sobre a emigração jovem dos estudantes da Universidade de Coimbra, recolhendo dados através de um inquérito na plataforma Microsoft Forms, entre os dias 01 e 26 de fevereiro.
Foram contabilizadas um total de 1.381 respostas, sendo consideradas válidas para a análise 1.272, após a exclusão de 109 estudantes não pertencentes à Universidade de Coimbra.
De acordo com os dados apresentados em conferência de imprensa, que decorreu ao final da manhã no Colégio da Trindade da Universidade de Coimbra, dos inquiridos que manifestaram intenção de emigrar, 74,6% disseram pretender regressar (três em cada quatro estudantes).
No que diz respeito aos motivos que levam os jovens a querer emigrar, 96,3% apontou as condições salariais como fator principal para a emigração.
Segundo Renato Daniel, questionados sobre os principais desafios que enfrentam, 92,5% da comunidade estudantil referiu a instabilidade financeira.
Relativamente ao cruzamento da variável da instabilidade financeira com a unidade orgânica na Universidade de Coimbra, 95,8% dos estudantes pertencentes à Faculdade de Medicina e cerca de 93,4% dos estudantes inscritos na Faculdade de Ciências e Tecnologias apontaram este indicador como um desafio enfrentado pelos jovens.
“Tal demonstra claramente o que já é noticiado há algum tempo, de que a medicina, as engenharias e as ciências acabam por ser as áreas que necessitam de uma maior valorização salarial nos próximos tempos, se efetivamente queremos fixar, no nosso país, os jovens da próxima geração do ensino superior”, sustentou.
O presidente da Associação Académica da Universidade de Coimbra revelou ainda que o estudo permitiu aferir que, tendo em conta as condições salariais em Portugal, um em cada dois estudantes vê-se incapaz de adquirir casa.
Atendendo ainda às condições salariais, um em cada quatro estudantes disse não ver a possibilidade de constituir família.
“Tendo em consideração a possibilidade dos estudantes se tornarem financeiramente independentes, um em cada quatro estudantes discordam totalmente dessa possibilidade”, informou.
Ao longo da sua intervenção na conferência de imprensa, Renato Daniel frisou que os dados revelados pelo inquérito deixaram a Associação Académica de Coimbra preocupada com a “possibilidade de emigração forçada”, causada pela “falta de valorização profissional ou por conta dos salários baixos”, instando a que se faça do ensino superior uma prioridade.
“Apelamos a que, neste período de campanha eleitoral, todos os partidos políticos se pronunciem sobre medidas concretas de valorização do ensino superior e seus estudantes. É verdadeiramente preocupante assistir a um total de zero minutos de debate sobre o ensino superior e sobre o futuro das gerações mais qualificadas de sempre”, concluiu.
Responderam ao inquérito alunos de sete faculdades da UC, maioritariamente da Faculdade de Ciências e Tecnologias (24%), chegando apenas 1,8% de respostas de estudantes da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física.
No que diz respeito à faixa etária, foram recebidas respostas sobretudo de idades compreendidas entre os 17 e os 20 anos (55,6%), o que corresponde a uma maior adesão por parte de estudantes da licenciatura.
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