Fonte oficial da autarquia disse à revista Sábado que as buscas estão relacionadas com uma fábrica de máscaras cirúrgicas, criada para responder à pandemia de covid-19.

Segundo o Expresso, "a PJ esteve na Câmara na manhã de quarta-feira e levaram tudo o que entenderam". A mesma fonte adiantou ao jornal que não foram constituídos arguidos até ao momento.

Foi ainda referido que a autarquia não tem conhecimento de "qualquer denúncia" nem do que motivou estas buscas.

À Lusa, a Câmara Municipal de Cascais garantiu que está a colaborar com as autoridades.

Por sua vez, fonte da Polícia Judiciária confirmou a realização das buscas na Câmara de Cascais, com o objetivo de “recolha de informação”, escusando-se a adiantar mais pormenores.

A Câmara Municipal de Cascais, no distrito de Lisboa, lançou em junho de 2020 a produção própria de máscaras cirúrgicas de proteção individual destinadas à população, com equipamento vindo da China, abastecendo igualmente outros municípios.

Cascais reconverteu um antigo armazém numa fábrica de produção de máscaras, numa altura inicial da pandemia de covid-19, em que as autoridades de saúde ainda debatiam se o uso de máscara deveria ser obrigatório ou até aconselhado.

Num investimento de 500 mil euros, inclusive para fazer face à inflação deste tipo de equipamentos, a autarquia passou a poder fornecer a custos residuais todos os munícipes e instituições, explicou na altura à Lusa o então vice-presidente da Câmara, Miguel Pinto Luz, atual ministro das Infraestruturas e da Habitação.

"Tínhamos de combater na linha da frente este flagelo. Esse combate faz-se com meios, e esta iniciativa surge porque o preço das máscaras estava a valores completamente incomportáveis, que nunca antes tinham sido atingidos. Por isso, sentimos a necessidade de dar um passo em frente e montar uma fábrica de produção de máscaras cirúrgicas certificadas”, referiu Pinto Luz.

A autarquia, acrescentou, comprou duas máquinas na China e em 28 junho de 2020 tinha “uma capacidade de produção de mais de cinco milhões de máscaras por mês, com um custo de produção por unidade que [era] metade do melhor preço praticado pelo mercado".

A autarquia disponibilizou também 400 dispensadores com máscaras pelo concelho e distribuiu gratuitamente aos utilizadores de transportes públicos, onde este equipamento era de uso obrigatório na sequência das medidas de prevenção da covid-19.

De recordar que a autarquia de Cascais é presidida por Carlos Carreiras e, até janeiro de 2024, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, foi vice-presidente.