O Ministério da Saúde apresenta hoje em Lisboa os futuros passos do projeto “SNS + Proximidade”, que começou a ser testado em alguns agrupamentos de centros de saúde da região Norte de Portugal.
Segundo Constantino Sakellarides, responsável pelo projeto, um dos elementos centrais é o desenvolvimento de um Plano Individual de Cuidados para as pessoas com vários problemas de saúde, com doença crónica associada, o que significa cerca de 30% da população portuguesa.
Este instrumento serve para gerir o percurso do doente e para definir quais os objetivos a atingir para os vários problemas de saúde que tem, sendo que os próprios utentes vão ajudar a definir esse Plano.
“Servirá também para determinar o que é importante para o doente nos próximos anos, que questões interessam controlar ou qual a atuação a ter”, explicou Constantino Sakellarides, indicando que há um instrumento de avaliação dos objetivos definidos.
A ideia é abarcar os vários problemas que afetam a qualidade de vida das pessoas e não apenas uma ou mais doenças crónicas de que padeçam, incluindo no Plano outros problemas ou disfunções como perturbações de sono, tonturas ou dores de costas, por exemplo.
Este Plano Individual de Cuidados estará disponível no portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e permite uma partilha entre todos os profissionais de saúde envolvidos de informações e de decisões de diagnóstico e terapêutica.
Este plano vai incluir as pessoas com necessidades de cuidados domiciliários, “criando processos de articulação e coordenação nos centros de saúde em colaboração com os serviços sociais”.
Constantino Sakellarides sublinha que este tipo de projetos e de mudanças não se institui por decreto e que é necessária uma implementação gradual do projeto.
No próximo ano serão alargadas as experiências da região Norte a todas as regiões do país e em 2019 o Ministério da Saúde espera começar a generalizar o Plano Individual de Cuidados a toda a população com múltiplos problemas de saúde.
O projeto “SNS + Proximidade” pretende ainda tornar mais acessível a resposta das pessoas com doença aguda aos centros de saúde, evitando idas desnecessárias às urgências hospitalares.
Para isso, é necessário disponibilizar meios complementares de diagnóstico nos centros de saúde, reconhece Constantino Sakellarides, como análises clínicas.
O responsável adiantou que no projeto piloto do Norte houve centros de saúde que começaram já a garantir uma resposta de análises clínicas no próprio dia, ou com equipas hospitalares que se deslocam ao centro de saúde ou com o utente a ir fazer análises ao hospital no próprio dia, sem necessitar de passar pela urgência hospitalar.
Outro dos pilares fundamentais do “SNS + Proximidade” é o aumento da literacia em saúde (do conhecimento sobre a situação de doença e condição física para tornar as pessoas mais capazes de tomar decisões informadas).
Para isso, o Portal do SNS está a começar a recolher e disponibilizar informação de qualidade sobre determinadas problemáticas de saúde, como quedas, alimentação, que seja de fácil acesso e leitura para qualquer cidadão.
Constantino Sakellarides diz ainda que outro dos objetivos deste projeto é que os utentes tenham no Portal do SNS uma “agenda de saúde”, um instrumento personalizável com todas as informações relevantes sobre a saúde de cada utente.
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